Logo na chegada, um perfume de incenso invade nossas narinas e a referência religiosa é confirmada pelo vitral geométrico e pelo candelabro de inspiração medieval. É uma equipe vestida com batinas pretas que guia os hospedes por um emaranhado de corredores escuros iluminados apenas à luz de velas do novo hotel místico erótico de Paris, o Sinner. A decoração, assinada pelo badalado Tristan Auer, possui móveis de couro e estátuas gregas, com referências ao mundo eclesiástico.
Nos quartos você pode se conectar à rádio Sinner (mesmo no chuveiro, equipado com alto-falantes) ou girar o toca-discos com uma seleção de discos vintage, que vão de Pink Floyd a Jacques Higelin passando por Modern Talking e Chantal Goya. Cada quarto tem suas próprias surpresas, com exceção da suíte Justine para a qual a equipe levou os códigos transgressivos um pouco além: cama circular à la James Bond, um confessionário como guarda-roupas, entre outros elementos inusitados. Os apartamentos oferecem todo o conforto silencioso para um bom descanso, com pesadas cortinas de veludo, tapetes macios, camas tipo gaiola, decoração com estampas eróticas e fotos de Helmut Newton, assumindo um espírito festivo inspirado nas décadas de 1970 e 1980.
O restaurante, comandado por Adam Benthala, oferece um cardápio para compartilhar inspirado na cozinha brasileira, peruana e africana. Uma fumaça inodora é difundida à noite, “para lembrar os anos de drogas e cigarros dos clubes na época em que Paris era uma cidade menos civilizada”. Envolvidos nesta nuvem de vapor, todos estão protegidos do olhar dos vizinhos e podem fazer o que quiserem, como, por exemplo, na jacuzzi do spa, único espaço do hotel que não possui câmaras. Os banheiros são vermelhos e a escuridão reina. A escultura de um homem e uma mulher anuncia que o local é misto. A regra é clara: (quase) tudo aqui será perdoado. (por Mario Kaneski de Moraes, direto de Paris)
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