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Anastasia Soare || Créditos: Getty Images
Anastasia Soare || Créditos: Getty Images

Quando migrou da Romênia para os Estados Unidos no fim dos anos 1980, tudo que Anastasia Soare queria era fazer carreira no país como designer de sobrancelhas. Naquela época, e graças a supermodelos como Cindy Crawford, as americanas começavam a prestar mais atenção a essa área do rosto, da qual Soare sempre foi expert. Pula para o presente: quase três décadas depois de conquistar a América de um jeito que jamais imaginou ser possível, a profissional de 61 anos, agora devidamente naturalizada americana, está prestes a vender uma empresa 100% dedicada à estética da ‘moldura dos olhos’, que abriu em 2000, para uma das maiores firmas de private equity do mundo por uma soma bilionária que garantirá sua entrada no clube dos dez dígitos.

Soare é fundadora e CEO da Anastasia Beverly Hills, que nasceu alguns anos depois do desembarque dela em Los Angeles, em 1989. Sem saber falar uma palavra de inglês, ela se virava nos trinta fazendo a sobrancelha de amigas, que gostavam do resultado e faziam a propaganda boca a boca. Em pouco tempo, a futura executiva da indústria dos cosméticos conseguiu dinheiro para abrir um salão pequeno que deu muito certo e resultou na inauguração de um ponto exclusivo em Beverly Hills. Certo dia, ninguém menos que Cindy Crawford entrou no estabelecimento em busca de uma especialidade exclusiva que, a essa altura, ela já anunciava aos quatro ventos.

O segredinho nada mais é do que um cálculo conhecido como “proporção áurea” ou “número de ouro”, que foi estudado por Euclides, na Grécia antiga, e mais tarde por Leonardo Da Vinci, e aparece amplamente na natureza, arte e arquitetura. Resumindo bem, é algo que permite dar a forma perfeita a qualquer coisa. Com base nisso, Soare criou um método que chegou a patentear e a transformou na “rainha das sobrancelhas” nos EUA. Depois de Crawford, várias outras famosas se tornaram clientes dela e usuárias fiéis dos 485 produtos que a Anastasia Beverly Hills vende em grandes redes do varejo de luxo, como a Nordstrom e a Saks Fifth Avenue. Julia Roberts, Kate Winslet e Oprah Winfrey são algumas das mais mais.

Segundo o “Women’s Wear Daily”, a Anastasia Beverly Hills faturou US$ 340 milhões (R$ 1,25 bilhão) no ano passado, dos quais US$ 200 milhões (R$ 744,4 milhões) são lucro bruto (antes de descontar a folha, os impostos etc.). De olho nessas cifras, a TPG Capital (dona da Neiman Marcus) ofereceu a Soare US$ 2,5 bilhões (R$ 9,3 bilhões) em dinheiro vivo para assumir o negócio dela. Como é de praxe nessas situações, tudo está sendo costurado no maior sigilo, mas um anúncio definitivo sobre a conclusão da transação é aguardado para as próximas semanas. Considerando o valor astronômico e descontados os impostos a serem cobrados pelo fisco americano, a parte de Soare será de, no mínimo, US$ 1,5 bilhão (R$ 5,5 bilhões) – mais do que a fortuna do homem mais rico da Romênia, o banqueiro Ion Tiriac, que tem US$ 1,2 bilhão (R$ 4,5 bilhões) na conta.

Assim como companhias globais do porte da Revlon e da L’Oréal, a TPG está de olho no nicho do mercado americano de cosméticos no qual a Anastasia Beverly Hills atua por um simples motivo: como essas gigantes não têm mais para onde crescer, resta-lhe apenas arrematar suas concorrentes menores com o objetivo único de transformá-las nas novas queridinhas do segmento. Isso também explica a guinada financeira de Kylie Jenner que, aos 20 anos, tem grandes chances de se tornar bilionária antes de atingir a idade legal para beber nos EUA (21 anos) graças às vendas sem precedentes de sua Kylie Cosmetics. Por falar em Jenner, tal como a irmã caçula de Kim Kardashian, a romena-americana deve muito de seu sucesso ao Instagram, onde está desde os primórdios do app e conta com mais de 17 milhões de seguidores. Poderosa! (Por Anderson Antunes)

A futura bilionária chegou nos EUA com uma mão na frente e outra atrás || Créditos: Getty Images

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