É possível viver juntos em liberdade?”. Esse foi o tema da palestra que John Gray ministrou na noite dessa terça-feira durante o Fronteiras do Pensamento, em São Paulo. Mas a resposta não veio como a plateia poderia imaginar. Em vez de soluções, o filósofo britânico levantou muitas questões sobre o (não) avanço da sociedade e a atual situação política e econômica mundial, principalmente da Europa. “Se eu fosse um cidadão grego, teria votado ‘não’. A política de austeridade sufoca os países”, defendeu, com relação ao plebiscito que aconteceu em Atenas no último domingo. “A União Europeia foi criada depois da Guerra Fria para aproximar aqueles países tão diferentes culturalmente, politicamente e socialmente, com o objetivo de se fortalecerem mutuamente e conseguiram. Mas eu nunca duvidei de que ia entrar em colapso”, disse Gray, sugerindo que o sistema deve acabar em menos de 20 anos. “Se a Alemanha aceitar a redução ou o perdão da dívida grega, países como Espanha e Portugal também vão querer e o sistema vai implodir. É insustentável.”
AINDA HÁ ESPERANÇA?
John Gray é conhecido pela teoria um tanto quanto cética de que a evolução e o progresso são ilusões e que, na verdade, a sociedade não caminha em direção a um mundo melhor. “O conhecimento humano cresce a cada dia e a globalização e a tecnologia estão melhorando a vida das pessoas, mas isso não significa que o mundo está melhorando. A ética e a política são as mesmas do passado e serão as mesmas no futuro. Sempre houve riqueza, pobreza, corrupção, governos liberais, autoritários, democráticos, socialistas e sempre haverá. Viveremos melhor se aceitarmos esse fato. O fim nunca chega, a vida continua”, cravou.
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