“Gaslight, uma Relação Tóxica”, o último trabalho de Jô Soares, que morreu em 5 de agosto, será conhecido pelo público no dia 9 de setembro, quando estreia no Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo. Jô assina tradução e adaptação do texto, escrito pelo dramaturgo britânico Patrick Hamilton (1904-1962), em 1938, além de dividir a direção com Maurício Guilherme.
Com elenco formado por Giovani Tozi, Érica Montanheiro, Leandro Lima, Neusa Maria Faro e Kéfera, o espetáculo marcaria a volta de Jô aos palcos, quatro anos após dirigir e atuar em “A Noite de 16 de Janeiro”. Com cenário de Marco Lima, figurino de Fábio Namatame, iluminação de César Pivetti, a montagem era cuidada de perto por Jô, que acompanhou os ensaios com muita proximidade, trabalhando na encenação até os últimos dias.
“Gaslight, uma Relação Tóxica”
Baseada no filme homônimo sobre abuso psicológico nos relacionamentos afetivos, a peça retrata um homem que manipula a própria mulher, fazendo com que ela duvide de sua própria sanidade ao diminuir a intensidade das luzes de casa e negar qualquer alteração no entorno.
A versão brasileira começou a ser gestada em 2018. “Gaslight nasceu numa noite de cinema no seu apartamento, quando nós dois assistíamos à versão cinematográfica, de 1944, estrelada por Ingrid Bergman. Fiz o convite arriscado para levarmos a história aos palcos e ele topou”, conta Giovani Tozi, protagonista e idealizador do projeto, sobre o convite feito ao Jô. Em suas palavras, o humorista e apresentador era um diretor exigente que buscava a perfeição e estava atento aos detalhes:
“O desejo foi amadurecendo, compramos os direitos, o Jô estava empolgado, sempre falando: ‘E aí, está pensando na peça? Tive esta ideia, vamos marcar uma reunião com todo mundo na semana que vem'”.
A encenação já estava toda idealizada, inclusive o cenário, quando Jô partiu. Ele só não viu os atores caracterizados – o que aconteceu no ensaio fotográfico de 5 de agosto, evento que o diretor acompanharia por vídeo, do hospital onde estava internado.
Uma teia de aranha de 14 metros vai tomar conta do palco todo, ideia do Jô para retratar a difícil situação em que a personagem se encontra envolvida, sem forças para se desvencilhar.
“Este espetáculo será para ele. Ele está aqui. Eu vejo o Jô, seu humor e a paixão por mistérios em certas falas”, pontua o ator Leandro Lima.
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