Não foi por bravura e muito menos em respeito às mais de 40 mil vítimas de suas fraudes que Bernie Madoff se declarou culpado de todos os 150 crimes dos quais foi acusado em seu julgamento, em março de 2009, poucos meses antes de ter sido preso. Criador do maior esquema de pirâmide financeira da história, que causou prejuízos de US$ 19 bilhões (R$ 103,7 bilhões) para pessoas de todos os tipos e lugares que, em certos casos, confiaram todas as suas economias a ele, Madoff – que morreu em 2021, aos 82 anos, e atrás das grades – durante tempos intrigou muitos em razão de sua aceitação serena da pena de 150 anos de prisão que levou quase catorze anos atrás. Mas, aparentemente, o ex-rei de Wall Street tinha um bom motivo para isso.
Conforme revelado em “Madoff: The Monster of Wall Street”, série documental que a Netflix lança nessa quarta-feira (4), Madoff na verdade queria ser preso o mais rápido possível na época, já que temia se tornar alvo de uma “queima de arquivo” orquestrada pelos mafiosos de Nova York que também foram seus clientes. E mais do que um acerto de contas, o possível assassinato, pensava o financista, poderia tomar forma como uma precaução da turma a fim de evitar um acordo dele com as autoridades dos Estados Unidos pelo fornecimento de informações em troca de um abrandamento de sua condenação.
Madoff chegou a ser sondado para algo do tipo, mas negou todas as benesses que lhe ofereceram. Com quatro episódios, a atração deverá mostrá-lo como um criminoso vil e sem arrependimentos, que mede todas as situações e problemas sob o ponto de vista do que o afeta ou não. A direção é de Joe Berlinger, o mesmo de “Jeffrey Epstein: Poder e Perversão”, também da gigante do streaming, e a trama da série irá muito além da queda do biografado, que entre outras coisas foi um dos grandes nomes por trás da criação da bolsa de valores eletrônica americana NASDAQ, em 1998.