A pandemia fez Romulo Estrela pausar a carreira em ascensão. Isolado no Rio, o ator dedicou-se a projetos pessoais, entre eles as obras da nova casa, ao lado da mulher, Nilma Quariguasi, e do filho do casal, Theo. Agora, com o mundo tentando voltar aos eixos, o maranhense de 37 anos está no elenco de “Verdades Secretas 2”, série de Walcyr Carrasco que tem lançamento previsto para o segundo semestre no Globoplay. Em papo com o Glamurama, Romulo reflete sobre os novos tempos da comunicação, fala de seu próximo filme e o que anda fazendo sua cabeça atualmente.
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O que os fãs que acompanharam a primeira parte de “Verdades Secretas” podem esperar dessa nova fase?
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As tramas são importantíssimas, todas paralelas, acontecendo ao mesmo tempo. Walcyr [Carrasco] tem uma dinâmica muito interessante, é o primeiro trabalho que faço dele. Essa segunda temporada pega um gancho da primeira, como o Alex [papel de Rodrigo Lombardi] morreu ou o que aconteceu com ele. O meu personagem [Cristiano] chega para investigar isso, a pedido da filha. O personagem, obviamente, acaba entrando nesse universo da moda e tendo contato com a Angel [Camila Queiroz]. O público pode esperar muita trama dentro desse universo investigativo, do ponto de vista do Cristiano. Também tem muito romance, envolvimento entre esses três personagens: Giovana [Agatha Moreira], Angel e Cristiano. Tudo com esse pano de fundo da sedução, traição, e o revelar de coisas muito pontuais e importantes para a trama. Costumo dizer para as meninas, que estavam na primeira temporada e me receberam com muito carinho, que são personagens muito densos, cheios de verdades secretas. Todo mundo esconde alguma coisa, todo mundo tem um passado e uma parte da sua vida que não é revelada, está sempre debaixo dos panos.
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A série passou primeiro na TV aberta e agora vai ser possível acompanhar a segunda parte no Globoplay. O que você pensa dessa mudança para a plataforma de streaming?
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A gente não pode ignorar a força com que o digital chegou, a força da internet, do streaming. Mas a televisão está muito longe de perder seu poder, é um comportamento cultural do brasileiro. A gente vive em um país que não tem uma cobertura de internet ampla, isso, por si só, já derruba essa teoria. Na televisão tem uma coisa lindíssima que é a possibilidade de assistirmos, ao mesmo tempo, temas de extrema relevância e que fazem parte da sociedade. Sempre gostei disso, dessa exibição dos nossos problemas, nossas questões sendo expostas em um horário específico do dia e depois isso gerar um debate no trabalho, na escola, na família… A coisa do streaming, de você fazer o seu próprio horário, é muito bom porque é uma liberdade maravilhosa, uma outra dinâmica. Não existe só a televisão como meio de comunicação. Hoje, você acompanha, por exemplo, as Olimpíadas ou um programa específico nas redes sociais. Quanto mais a gente puder ser multiplataforma, melhor.
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A série preza muito pela estética, já que flerta com o universo da moda. Você teve uma preocupação maior com a aparência do seu personagem?
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Mergulhei nessa história do meu personagem, que é da polícia civil e entra no universo da moda. Para isso, ele precisa estar nesse mundo, que hoje, ainda bem, é mais amplo, mas tem uma estética muito forte. Pensei que tinha mesmo que me encaixar nesse lugar, achar uma forma de que seja plausível. Fisicamente, procurei deixar meu corpo neutro, mais magro, para que pudesse me colocar nesse universo da moda com mais facilidade, mas também não muito engessado ou criterioso com isso porque acho que temos espaço para tudo e para todos. Isso inclusive é uma coisa importante e muito legal que “Verdades Secretas 2” está trazendo. Não tem um padrão só trabalhando dentro da agência, tem uma multiplicidade de pessoas. É um pouco do lugar onde coloco meu personagem. Quando pensamos em um investigador da polícia civil, imaginamos um cara bruto, no lugar equivocado da força e da masculinidade. Por isso, tentei construir esse personagem dentro da minha trajetória, com muita sensibilidade, e entenda a palavra da forma mais ampla possível.
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Falamos de streaming e televisão, mas no cinema você participou do filme “O Amante de Julia”, que gravou em outubro de 2020, ao lado da atriz, Bianca Bin. Como foi esse trabalho?
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Estávamos regressando um pouco da primeira onda da pandemia. Eu estava bem a fim de trabalhar. Tinha acabado [a novela] “Bom Sucesso” no início do ano, fiquei quase um ano sem trabalhar, vindo de sete anos sem pausa, sem tirar férias. A pandemia roubou minhas férias, já que ninguém conseguiu descansar realmente, tanta gente tentando se reinventar. Filmamos em 20 dias, com uma equipe reduzida. “O Amante de Júlia” é baseado em um texto de D. H. Lawrence, que já foi filmado e adaptado várias vezes. Na obra, faço um cara que sofre um acidente na véspera da lua de mel e isso muda completamente a vida dele, a relação com a mulher. Fiz com a Bianca Bin, Sérgio Guizé, Matheus Nachtergaele, Marcelo Serrado, elenco lindíssimo.
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Durante o isolamento, você divertiu os fãs com diversas publicações da sua família, incluindo de uma obra na sua casa. Como foi colocar a mão na massa?
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Essa coisa da obra foi uma loucura na nossa vida. Minha esposa, Nilma, trabalha em casa, ela dá aula, então estávamos no meio da pandemia e ela desenvolvendo curso, dando aula, e eu também criando projetos e tentando descansar ao mesmo tempo, e a gente tem o Theo. E surgiu a oportunidade de mudar para essa casa. Foi uma escolha que a gente fez, pensamos que poderíamos mudar radicalmente nossa vida, ir para um lugar em que conseguiríamos respirar um pouquinho, ficar mais perto do verde, mais conectado com a natureza, e estamos cuidando com prazer de todos os detalhes da obra. Nunca morei em casa, sempre morei em apartamento, mas já me vejo muito lá.
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O que você ouviu, leu e assistiu durante a pandemia?
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Li muito Foucault, que é difícil, li Harlan Coben, mais precisamente a última obra “O Inocente”, já fica a dica, que tem a série com [o espanhol] Mario Casas, um ator que eu adoro. Vi muitos filmes infantis [risos]. Escuto música todos os dias. Theo já é um amante do rock, ele é fã do The Weeknd, ama Kiss, AC/DC, Red Hot Chili Peppers, Queen. Já eu, apesar de gostar também bastante do Muse, estou ouvindo muito Harry Styles. Fiquei ouvindo “Watermelon Sugar” ontem o dia inteiro, entrei em um looping. Uma coisa que fizemos muito é voltar a assistir videoclipes, porque perdemos a nossa MTV. Eu assisti a todos esses acústicos, o da Cássia [Eller], do Pearl Jam, que para mim é um dos melhores, se não o melhor da história, o da Alanis Morissette, um pouco do Nirvana.
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