Ao longo de sua carreira, a comediante tem se destacado por quebrar barreiras e desmistificar estereótipos, especialmente no cenário da comédia feminina. E agora, ela está prestes a lançar seu primeiro especial de comédia, o “Alemã de Cria”, no dia 17 de novembro, marcando o encerramento de um importante ciclo em sua trajetória, do seu início profissional no país até a consolidação nos palcos. Nesta entrevista, ela fala sobre a criação do seu especial, a representatividade das mulheres no humor e sua conexão com o Brasil.
Lea, no seu show “Alemã de Cria”, você fala muito sobre as diferenças culturais entre Brasil e Alemanha. Como sua conexão com o país influencia o seu humor e a forma como se comunica com o público?
Essa conexão influencia muito o meu humor. Isso me dá uma perspectiva bem única sobre as diferenças culturais e me permite brincar com os contrastes de forma que muita gente se identifica. Mesmo sendo alemã, tenho muita afinidade com a cultura brasileira, desde que cheguei no país tenho estudado sua história, cultura e particularidades, e adoro brincar com as diferenças entre os dois países. As formas de ver a vida, as situações cotidianas e até os pequenos detalhes são diferentes, e essas vivências rendem ótimos momentos nos meus shows.
Recentemente, você gravou o seu primeiro especial de comédia, o “Alemã de Cria”. Quais são as suas expectativas para o lançamento? O que o público pode esperar?
São as melhores! Gravei meu primeiro especial de comédia no Centro Cultural da Penha, em São Paulo, com entrada gratuita. Escolhi esse formato inspirado pela minha experiência pessoal, venho de uma família humilde na Alemanha e só consegui estudar com ajuda do governo, por isso, entendo o que é não ter acesso ao teatro, então decidi retribuir ao público brasileiro todo o carinho que venho recebendo desde que cheguei aqui. Além disso, quero fortalecer o humor feminino e levá-lo a novos públicos, e a acessibilidade é essencial para isso.
O resultado desse trabalho será lançado no dia 17 de novembro. Estou bem animada para compartilhar esse trabalho com o público. Esse especial representa uma realização pessoal e profissional, quero gerar identificação com o público. No meu show “Alemã de Cria” falo bastante das diferenças culturais entre a Alemanha e o Brasil, situações engraçadas que vivi, até sobre minhas primeiras impressões como solteira no Carnaval! Espero que as pessoas gostem, se divirtam e se identifiquem com o texto.
Como foi o processo de criação e gravação do especial?
O processo foi desafiador, mas também gratificante. Eu quis trazer minhas vivências de uma forma autêntica. O texto reflete a minha identidade, equilibrando as piadas culturais com momentos mais pessoais, trechos da minha vida na Alemanha com a minha chegada no Brasil em 2017.
A gravação foi um desafio à parte, deu frio na barriga! Mas, ao mesmo tempo, a energia do público das duas sessões que fizemos no Centro Cultural da Penha foi incrível, me ajudou a manter o ritmo e me divertir. Nos meus shows gosto de interagir com a plateia, conhecer as histórias e fazer piadas a partir disso. Então, essa troca foi bem importante. Também tive uma equipe maravilhosa que cuidou de tudo com muito carinho. O público pode esperar muitas risadas e boas histórias.
Desde que você começou a sua carreira no humor em 2017, como vê a evolução do cenário de comédia no Brasil, especialmente em relação à presença das mulheres no stand-up?
O cenário da comédia evoluiu bastante, é possível ver mais mulheres ganhando visibilidade e mostrando que o nosso humor é tão diverso e afiado quanto o de qualquer homem. A presença feminina no humor traz uma nova variedade de temas, estilos e formas. Fico feliz de fazer parte dessa geração que está quebrando barreiras. Mas ainda existem muitos desafios, porque a comédia sempre foi um ambiente dominado por homens. Por isso, admiro muito as comediantes brasileiras, mulheres que estão fazendo sucesso no mercado da comédia e ajudando a mudar esse cenário.
Como mulher humorista, você sente que há uma expectativa diferente em relação ao tipo de humor que você pode ou deve fazer? De que forma você lida com esses estereótipos e pressões na sua carreira?
Sim, acho que essa expectativa existe. Muitas vezes, as pessoas esperam que mulheres falem sobre certos temas, como relacionamentos ou maternidade, ou que nosso humor seja mais “leve” e “delicado”. Eu sinto essa pressão, mas sempre tentei fugir disso. Não me limito a temas “esperados” e gosto de surpreender o público. Acho importante que a gente tenha liberdade total para explorar qualquer assunto. E, claro, eu uso isso como combustível, transformando essas expectativas em piadas.
Depois do lançamento do seu especial, quais são seus planos para o futuro? Novos projetos, turnês ou colaborações que possa compartilhar?
Depois de encerrar a turnê do show “Alemã de Cria”, vou testar material novo durante o mês de novembro em São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará. E vou me preparar para uma turnê fora do país, ainda não posso dar muitos detalhes, mas será mais um momento marcante para minha carreira, também quero realizar outros projetos, outras áreas que quero explorar.
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