A primeira vez que viu um grafite, aos 11 anos, a paulistana Larissa de Souza já soube que queria ser artista e começou a pintar com o que estivesse disponível: de esmalte de unha a lápis de cor. Mais tarde, como vendedora de uma loja de materiais artísticos, aproveitou não só a facilidade de conseguir tintas com desconto, como passou a conhecer mais sobre as especificidades de cada produto. As informações vinham desde conversas com o responsável pelo setor de compras até as infinitas leituras enquanto o local estava vazio. Antes de se mudar para um apartamento com o namorado, Larissa não dispunha de muito espaço na casa onde vivia com a mãe e os irmãos e, muitas vezes, recorria à luz da televisão para continuar trabalhando à noite sem atrapalhar o sono da família.
Agora, com um lar para chamar de seu – e a decisão de abandonar o emprego para se dedicar exclusivamente à arte –, ela viu sua produção deslanchar com uma infinidade de telas que misturam memórias pessoais e coletivas. “Sempre gostei de pintar, mas os temas que tenho explorado vêm do momento que me reconheci como uma pessoa não branca”, explica ela, que inaugurou neste ano sua primeira individual na Hoa, galeria com sede em São Paulo que surge com o objetivo de inserir artistas emergentes no mercado de arte.
Os temas que tenho explorado vem do momento que me reconheci como uma pessoa não branca.
Larissa de Souza
* Matéria originalmente publicada na Revista J.P, do Grupo Glamurama
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