Durante mais de 50 anos de consultório, a ginecologista e obstetra Albertina Duarte Takiuti calcula ter atendido cerca de 180 mil mulheres, das mais variadas idades. Foram alguns desses relatos que serviram de inspiração para o recém lançado “Para Gostar de Ser Mulher”, que ela escreveu ao lado da escritora e apresentadora Isabel Vasconcellos.
No romance, a médica narra as várias fases da mulher por meio de três personagens, uma neta, uma mãe e uma avó e seus dilemas e descobertas. Dos muitos relatos que já ouviu e transformou em matéria-prima da sua ficção, ela diz que as mulheres com mais idade é que vivem sua mulher fase.
“As mulheres com mais de 60 e 70 anos estão se redescobrindo. Quando a mulher se gosta, ela não tem idade”, diz a doutora Albertina em live com Joyce Pascowitch. “Muitas que estão ficando independentes, dizem estar gostando de estar sozinhas.” No outro extremo, ela diz, estão as mulheres mais jovens. “Conheço muitas mulheres que não se gostam. Dos 20 aos 30 é uma fase pesada. A mulher espera que as pessoas gostem dela.”
Para a médica, o medo de não agradar é ainda o grande empecilho para que muitas mulheres vivam na sua plenitude. “Fiz uma pesquisa nos anos 1990 que mostrou que, na primeira relação, a mulher tem medo de não agradar. E acho que tem sempre: medo de não agradar com o corpo, com a fala. Mulheres de todas as classes têm esse maldito medo.”
A despeito disso, a autora vê uma evolução em muitos direitos femininos, inclusive a conquista recente daquelas mulheres que decidem viver sozinhas. “A finitude dessas mulheres está ficando diferente. Muitas viajam sozinhas, vão ao baile, ensaio de escola de samba, dançam. Aprendo muito com minhas pacientes.”
Maternidade
A maternidade é outro tema presente no livro, que tem prefácio assinado pela cantora Anelis Assumpção. Com a experiência de quem já fez mais de 20 mil partos, a médica defende que o assunto “não pode ser uma algema, mas uma carta de alforria”.
“A maternidade é muito além do parir. Tenho absoluta certeza que mães que tiveram 10 filhos podem não ser mães. E uma que nunca teve um filho pode maternar. Maternidade é muito maior que um útero.”
Assista ao papo na íntegra:
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