A turnê de despedida de Milton Nascimento, “A Última Sessão de Música”, tem início no Brasil a partir de agosto. Antes de se apresentar pela última vez nos palcos tupiniquins, o cantor de 80 anos fez uma turnê de sucesso pela Europa com shows esgotados.
Considerando a idade e o problema de saúde de Bituca, como é chamado, seu filho e empresário, Augusto Nascimento, e os músicos que o acompanham na turnê ficaram preocupados com a rotina intensa de viagem pelo velho continente.
“Eu fiquei preocupado, achando que exagerei na quantidade de shows. Mas, quando meu pai entrou no avião, ele surpreendeu a todos”, revelou Augusto ao GLMRM. “Meu pai superou o medo de voar e foi o voo inteiro assistindo a filmes e conversando”, completou.
Conhecido por ter medo de voar, o cantor que fez sua última turnê, “Clube de Esquina”, em janeiro de 2020, rodou a Europa sempre com uma cuidadora ao seu lado e sequer sentiu medo quando entrou em uma aeronave pela primeira vez após dois anos recluso devido à pandemia da covid-19.
Segundo Augusto, o próprio Milton tinha dúvida se conseguiria visitar tantas cidades em um curto período de tempo, mas, para o espanto de todos, se animou durante a viagem:
“Meu pai rejuvenesceu uns 10 anos. Agora que voltou, ele telefona para os músicos e fala por uns 30 minutos para relembrar das histórias da Europa – e ele não é de fazer isso”.
Augusto Nascimento, filho de Milton
Desde quando se tornou empresário de Milton, Augusto sempre teve a ideia do pai se despedir do público nessa idade. “Eu não queria que ele ficasse em casa vendo a vida passar. A turnê é uma despedida elegante porque ele ainda está bem para cantar e performar”, disse.
Turnê do próprio bolso
Sem incentivo do governo, Milton e Augusto decidiram arcar com todos os custos da turnê em nosso país. “É muito difícil viver de cultura no Brasil”, entrega o empresário. Quando anunciada, os fãs chegaram a criticar muito o preço dos ingressos. Porém, o aumento do valor da gasolina, que afeta até a passagem de avião, e dos salários dos membros da equipe encareceram a logística da realização, conta ele.
“Para não sobrecarregar o Milton, nós decidíamos juntos em qual cidade iríamos tocar e qual não iríamos.”
Perrengues chiques
Mesmo com a crise de perda de bagagens que assola os aeroportos da Europa, somente uma guitarra e um saxofone foram extraviados durante a turnê. “Viajávamos muito de carro e o clima era sempre ótimo. Dividíamos a nossa rotina em um dia para viajar, outro para descansar e outro para o show”, contou Augusto que afirma não ter passado por grandes perrengues.
Nos dias de folga, pai e filho aproveitaram para revisitar a Abbey Road, em Londres, rua famosa que dá nome ao 12º disco de estúdio dos Beatles. “Só escutamos eles nas nossas viagens de carro. Milton ama Beatles. Ele basicamente só escuta o grupo e os próprios álbuns”, entregou aos risos.
De volta ao Brasil, Milton disse ao filho que gostou tanto de viajar novamente que pediu para acrescentar o Canadá no trajeto de sua turnê. Por enquanto, apenas datas no Brasil e nos Estados Unidos foram confirmadas.
Depois dos shows por aqui, que terminam em novembro, Milton pretende aproveitar a vida fora da estrada, descansar e realizar alguns sonhos, como morar na Dinamarca, que tanto gosta. Até lá, ele curte o resto dos dias anteriores à turnê em sua casa, em Minas Gerais, onde relembra histórias de seus discos e de sua carreira de cerca de 60 anos.