Os ânimos estão à flor da pele para o último capítulo de Todas as Flores, que vai ao ar nesta quinta-feira (1) no Globoplay. Quem acompanhou a trama se deparou não só com uma narrativa impactante, mas também com um elenco que entregou personagens complexos de tirar o chapéu. É o caso de Mariana Nunes, que deu vida à Judite, uma mãe solo que guardou um segredo por toda a vida e cativou o público com sua maestria para ajudar o próximo. A atriz também viralizou nas redes sociais com bons memes em torno da rivalidade de sua personagem com Zoé (Regina Casé), onde na maioria das circunstâncias, repetia a frase “tem dedo da Zoé nisso”.
Em conversa exclusiva com o GLMRM, Mariana revela que, quando viu que uma de suas frases, a “tem dedo da Zoé nisso”, se tornou meme e começou a viralizar nas redes, não gostou nem um pouco das brincadeiras. Mas, ao perceber que a Judite realmente repetia a frase muitas vezes, assim como “a Maíra e o Rafael se amam”, ambas do roteiro, passou a entrar na onda.
“No começo fiquei brava e pensei: ‘Pô, gente, estou fazendo um negócio sério’. Mas logo percebi que a Judite realmente falava muito isso e comecei a achar graça. Isso foi se desdobrando de um jeito engraçado e tudo o que eu posto hoje ‘tem o dedo da Zoé.'”
Representatividade em evidência
Aos 42 anos, Mariana diz que tem ficado otimista com esse novo cenário televisivo onde a representatividade está cada vez mais em evidência. “Acho que a representatividade negra está cada vez mais falada e presente, mas ainda precisamos entender um pouco das representatividades. O mercado continua majoritariamente branco e há muitas outras existências não brancas”, explica ela, e prossegue:
“Por exemplo, a questão indígena está muito presente e é tão nova. Mas, nova para quem? Os indígenas são o povo originário dessa Terra, e onde é que eles estão nas nossas imagens?”.
E, embora o momento seja animador com muitos atores e atrizes negras em evidência em um mercado branco, Mariana enfatiza que nunca foi fácil para elas. “A gente sempre está tentando se salvar. Nós éramos colocadas em um lugar de rivalidade porque, imagina, havia apenas uma vaga, mas eram duas, três, quatro ou cinco candidatas para a mesma. Essa rivalidade é construída pelo sistema branco, e é mais uma das facetas do racismo que acaba caindo em cima da gente como se fossemos rivais”, explica. “Mas aí a questão é com as mulheres negras ou com o mercado?”, questiona.
A atriz também aproveita para tecer elogios para “Todas as Flores”, que trouxe uma protagonista e vários outros atores PCD, e, diferente do padrão esperado, acrescentaram à trama temas que vão além da deficiência. “A personagem da Camila Alves, a Gabriela, trouxe um debate sobre a não monogamia, sobre o relacionamento aberto. Então, acho maravilhoso que isso esteja acontecendo”, celebra.
Mariana, Judite e o reforço do amor-próprio
Sobre a trajetória de Judite em Todas as Flores, Mariana afirma que, por mais que a personagem tivesse uma fixação absurda por atitudes corretas, fez uma coisa péssima ao esconder a paternidade do filho Pablo (Caio Castro). Além disso, apesar de estar muito próxima de outras pessoas ao seu redor, ela é uma mulher solitária que possui conflitos que não compartilha com ninguém.
“Judite tem o compromisso com a verdade dos outros, mas ela não banca a verdade dela. Eu e ela somos muito diferentes. O que tiro para mim é o que tenho vivido atualmente: precisamos dar uma reforçada no nosso amor-próprio, pensar nas nossas necessidades, na nossa felicidade e no nosso bem-estar em primeiro lugar. A Judite de forma alguma se prioriza”, enfatiza.
Após o término da novela, a atriz voltará para as telinhas no segundo semestre com o filme Grande Sertão: Veredas, com direção do Guel Arraes para o cinema e Globoplay, além de estar na série da Amazon Prime Video, O Amor é Para os Fortes.
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