“Mulheres que Correm com os Lobos” é o livro mais vendido no Brasil em 2021. Lançado há 26 anos, em 1995, pela psicóloga Clarissa Pinkola Estés, ele traz, em cada capítulo, histórias de mitologia e contos de fadas. Nele, a autora parte do pressuposto que os problemas enfrentados pela mulher moderna são decorrentes da domesticação da Mulher Selvagem, um espectro de nossa personalidade destruído e mascarado ao longo do tempo pela sociedade patriarcal.
É a partir daí que a autora conta diversas histórias popularmente conhecidas – como “Barba-Azul” e “Os Sapatinhos Vermelhos” – e utiliza de sua formação como psicanalista junguiana para ir atrás dos “arquétipos”. Ao destrinchar cada um dos contos, Clarissa argumenta que a Mulher Selvagem foi saqueada, seus refúgios foram destruídos e seus ciclos naturais transformados de forma artificial.
Não dá para negar que a chamada quarta onda do feminismo é um dos fatores que contribuíram para que a obra da psicóloga seja um sucesso mesmo décadas depois de seu lançamento. A atriz Emma Watson, que ocupa o cargo de embaixadora da ONU Mulheres, já recomendou o livro no seu clube de leitura virtual, o “Our Shared Shelf” (“Nossa Estante Compartilhada” em tradução livre). Um segundo fator que também colabora para a redescoberta da obra, e deve ser levado em questão, é o enaltecimento de um estilo de vida “good vibes”. Tal estilo desencadeia o gosto e a curiosidade pelo sagrado feminino, que exalta a conexão da mulher consigo mesma, com seu corpo e com a natureza.