Laganja Estranja volta ao Brasil como uma das atrações da festa “Category Is: Lip Sync Assassins Live”, que acontece nesta sexta-feira (26.11), na Audio, em São Paulo. A batalha de dublagem reúne, além de Laganja, outras lendas de “RuPaul’s Drag Race”, como Silky Nutmeg Ganache, Alexis Mateo e Mayhem Miller. O ponto alto das performances são as queens “dublando pelas suas vidas”, como exige a Mama Ru no final de cada episódio do reality americano.
Em conversa com o GLMRM, Laganja fala que não tem lip-sync perfeito, diz que adoraria ver Ikaro Kadoshi em Drag Race e comenta o fato de ter se assumido, recentemente, como mulher trans. “Sinto mais confiança e em paz dentro de mim. Acho que a mudança mais significativa, para mim, foi encontrar paz interior, que por tantos anos fugi de quem eu realmente era. E agora não sinto a necessidade de me medicar (para me acalmar), por exemplo. Posso ser eu mesma e isso basta”, descreve. Leia, abaixo, a íntegra do papo!
SERVIÇO:
Festa “Category is: Lip Sync Assassins Live”
Sexta (26 de novembro de 2021), às 21h
Audio – Av. Francisco Matarazzo, 694 – Barra Funda
Ingressos: sympla.com.br
*Destinado a maiores de 18 anos. É preciso apresentar comprovante de vacinação!
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Se você pudesse dar uma dica “matadora” para quem for começar a treinar o lyp sync. Quais seriam os primeiros passos?
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Meu primeiro conselho para aprender como dar um lip-sync matador é aprender as letras. Depois de ter aprendido cada palavra, você pode começar a adicionar coisas como figurino e coreografia.
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O que uma dublagem tem que ter para ser considerada perfeita? Existe alguma música que seja impossível de dublar? E a mais fácil?
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Realmente acho que nenhum lip-sync seja totalmente perfeito. Há sempre espaço para melhorias, e é por isso que sou tão capricorniana. Músicas impossíveis dublar seriam qualquer uma de rap, com letras bem rápidas, como as da Nicki Minaj. As mais fáceis, diria uma boa música pop, como as de Britney Spears.
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Você e Rupaul ainda se falam depois do programa?
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Não diria que RuPaul e eu somos muito próximas desde o encerramento do programa (agora em setembro), mas direi que, por causa da marca dele, pude crescer e me sinto muito apoiada nesse sentido.
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E as outras queens de RuPauls, ainda há proximidade? Têm um grupo no Whatsapp?
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Estou muito mais próxima das minhas irmãs de Drag Race. No entanto, não temos um grupo no WhatsApp, mas, se tivesse, provavelmente seria algo como House of Ganja.
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Tem alguma drag queen brasileira que você é fã e imaginaria participando de um reality internacional, além da Grag Queen, que já está escalada para “Queen of the Universe”?
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Ikaro Kadoshi. Adoraria vê-lo em “RuPaul’s Drag Race”, acho que ele se daria bem no programa.
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Você e Pabllo Vittar estiveram juntos no México recentemente. Alguma curiosidade/fofoca de bastidores que possa nos contar?
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De fato, acabei de passar um tempo com Pabllo Vittar no México, mas não teve nenhuma fofoca de bastidores. Foi a primeira vez que nos conhecemos pessoalmente. Então, é um momento realmente lindo e estou muito grata por conhecê-la pessoalmente depois de todos esses anos sendo amigas apenas online.
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A experiência de ter participado de RuPaul te mudou para sempre: quais foram as coisas boas e ruins desse marco na sua vida?
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A melhor parte de RPDR foi quando acabou (a primeira temporada) e o mundo passou a me conhecer e viajei para encontrar aqueles que me apoiaram. A pior parte foi filmar 14 horas por dia, a maior parte “aquendada” (escondendo as partes íntimas com fita adesiva).
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RuPauls serviu para muitos LGBTQIA+ como plataforma de visibilidade e saída de armário. Qual recado você dá para os jovens que ainda não se sentem confortáveis com quem são e não podem se assumir para a família?
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Minha mensagem para os jovens que não se sentem à vontade em se assumir ou falar para suas famílias é apenas: dê tempo a si mesmos. Muitas vezes, especialmente no dias de hoje, as pessoas estão impacientes para se permitirem sair do armário, mas o que é realmente importante e é preciso lembrar: não há timing certo, há apenas “o” tempo. Tome o seu, respire e apenas se aceite primeiro. Porque, se você não pode se aceitar, como outra pessoa será capaz de aceitá-lo? (como diria RuPaul)
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Recentemente você se assumiu como uma mulher trans. Isso muda completamente a sua trajetória enquanto pessoa física e artística. Qual é essa mudança de chave? E o lado bom disso tudo?
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Desde que vim a público falar abertamente sobre ser trans, definitivamente surgiram muitas dificuldades. Mas, acho que tem havido muito mais coisas positivas. Sinto que, a cada dia, consigo acordar, me olhar no espelho e me ver mudando dia após dia. Sinto mais confiança e em paz dentro de mim. Acho que a mudança mais significativa foi encontrar paz interior, que por tantos anos me vi fugindo de quem eu realmente era. E, agora, não sinto a necessidade de me medicar (para me acalmar), por exemplo. Posso ser eu mesma e isso basta.
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O Brasil é o país que mais mata pessoas trans, cuja expectativa de vida é de 33 anos. Qual mensagem você deixaria para quem está nessa transição e ainda não sabe como lidar com toda a pressão estética, psicológica e da heteronormatividade…
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Minha mensagem para a comunidade transgênero brasileira é que vocês são lindas e corajosas. Me deixa boquiaberta saber que esse País mata mais trans do que qualquer outro ao redor do mundo e, obviamente, me pesa o coração por saber. Não posso imaginar como é viver o dia a dia aqui. Mas saibam que vocês são emanam amor e poder.
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Alguma coisa que não perguntamos e gostaria de acrescentar?
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Queria dizer que estou muito animada e honrada por voltar ao Brasil. Para mim, significa muito vir a este País apresentar minha arte na frente de uma multidão que sei que vai perder a cabeça, literalmente, por mim quando subir ao palco. No que diz respeito aos próximos projetos, tenho um novo single lançado em janeiro chamado “Daily Basis” e, durante o verão de 2022, vou lançar meu primeiro EP. Fiquem ligados! Okurrr?
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