O príncipe nórdico Amleth vive na Islândia no começo do século 10. Depois que seu pai é brutalmente assassinado, ele transita pelas terras ermas de seu país numa jornada sangrenta e impactante de vingança.
Engana-se quem lê apenas a sinopse e acha que é apenas mais um filme de lutas e confrontos nórdicos. “O Homem do Norte”, que chegou aos cinemas essa semana, é um filme com diversas camadas. O diretor Robert Eggers (o mesmo de “A Bruxa” e “O Farol”) nos mostra nessa produção cheio de violência, sangue, crenças e até mesmo esporte, tudo isso baseado em lendas escandinavas que datam de cerca do século 10 ou 12, o conto de Amleth — que, como o nome já evidencia, é a inspiração para a clássica peça de Shakespeare, Hamlet.
Elenco estelar
Com um elenco de peso, a produção tem um show de atuações, tanto Willem Dafoe quanto Bjork (seu primeiro papel no cinema em quase duas décadas) entregam uma intensidade mística e xamânica, com uma maquiagem e figurino incríveis, elevando o que poderia ser apenas um festival de violência a momentos de grande carga dramática.
Anya Taylor-Joy, ainda que tenha alguns resquícios de sua atuação em “A Bruxa”, oscila entre uma mulher forte e vulnerável, trazendo o longa diversas vezes ao eixo; Nicole Kidman como a Rainha Gudrum mantém sua dualidade do inicio ao fim do filme; e Claes Bang (Fjölnir) faz um ótimo trabalho ao criar um vilão frio e sem pudor. Há ainda Ethan Hawke (Corvo de Guerra) que, em sua breve participação, nos mostra um digno rei viking. É por meio do personagem que temos as primeiras cenas de rituais não vistos em filmes e séries com temática viking.
A cereja do bolo é Amleth (Alexander Skarsgård quando adulto, e o garoto Oscar Novak na primeira parte do filme). O filho do Rei Aurvandill, o Corvo de Guerra, nos mostra todas as facetas de um homem obcecado por vingança, sangue e dor.
O longa nos insere em uma jornada onde a cada capítulo a história nos presenteia com novos olhares sobre a cultura nórdica. Nela vemos como jogos, rituais, canções, relações e os sacrifícios são abordados ao passar dos anos.
Com uma pesquisa histórica e a cultural muito bem feita, e uma fotografia impecável, Eggers consegue nos entregar um filme coeso. A cenas de confrontos, nudez e sangue são muito bem detalhadas, o que coloca o filme em uma classificação indicativa “R”, para maiores de 18 anos.
Ainda que bebendo um pouco nas águas de suas ultimas produções, o diretor evoluiu muito em “O Homem do Norte”, o que o torna uma das melhores produções do ano nos cinemas. Já em cartaz, o longa promete dar o que falar e dividir opiniões sobre atuações, enredo e desfecho.
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