Abre neste sábado (8), na galeria Millan, a exposição EN2023, nova individual de Emmanuel Nassar. Com cerca de 80 obras, entre trabalhos inéditos e de períodos anteriores de sua trajetória, a mostra constitui um panorama da carreira do artista paraense.
Em EN2023, o público se depara com uma instalação formada por uma parede de 3,60 m de altura, que corta o espaço expositivo e chega até a praça da galeria. Nela, estão expostas as reconhecidas chapas de metal de Nassar, recolhidas de sucata e pintadas pelo artista com cores vibrantes e logotipos de grandes empresas e de marcas do capitalismo global. Com essas obras, Nassar avança sobre a tradição da arte brasileira da década de 1980, que abordava noções de progresso e subdesenvolvimento, e atualiza comentários sobre tecnocracia, a cultura de consumo de massa e as relações de subalternidade entre o sul global e os centros hegemônicos.
Move-se nesse mesmo sentido outra série de trabalhos apresentados na exposição. Localizadas entre a pintura e o objeto, essas obras são construídas a partir da junção de pedaços de madeira recolhidos do descarte ou negociados com feirantes, como é o caso de Ponteiro (2023) e Serra Negra (2021).
Nassar recorre mais uma vez à tradição, seja da arte construtivista brasileira —ao contrapô-la a uma certa precariedade e a soluções locais singulares—, seja a de nomes de peso do modernismo, sempre lançando mão do humor e da ironia, como explicita a obra Mondrien (2018).
Com uma carreira consagrada, que inclui passagem em exposições históricas como a 24ª Bienal de São Paulo (1998), a “Bienal da Antropofagia”, e a representação brasileira na 45ª Bienal de Veneza (1993), Nassar se tornou um dos principais nomes de uma vertente pop da arte brasileira. Em sua produção, também abordou com pioneirismo os debates em torno de imagens e símbolos nacionais —retomadas com grande peso na produção de jovens artistas atualmente—, em especial nas várias iterações da bandeira brasileira que criou, em flâmulas ou pintadas sobre telas e placas metálicas.
Quarta individual de Nassar na Millan, EN2023 é apresentada em um ensaio assinado por Antonio Gonçalves Filho e se soma a mostras retrospectivas recentes em instituições como o Museu de Arte do Rio, em 2022, e a Pinacoteca de São Paulo, em 2018. EN2023 fica em cartaz de 8 de julho a 5 de agosto de 2023.
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