Nos dias em que o digital domina o mundo, ver de perto originais manuscritos de personagens da história, da ciência e da arte é uma espécie de viagem no tempo. Rabiscos de Napoleão, um artigo manuscrito de Simone de Beauvoir, a partitura de “Chega de Saudade”, de Tom Jobim, uma lista feita por Tiradentes, a versão do conto “A Biblioteca de Babel” na letra de seu autor, Jorge Luís Borges…
Eternizados no papel, os momentos históricos ou íntimos, profissionais ou pessoais, cotidianos ou inspirados se sucedem. São documentos únicos que se tornaram parte da mostra “A Magia do Manuscrito”, que chega ao Brasil depois de uma estreia em Nova York e será aberta no Sesc Avenida Paulista, em São Paulo, nesta quarta-feira (28).
A coleção, considerada a maior do mundo em mãos particulares, é de Pedro Corrêa do Lago, editor, bibliófilo e especialista em manuscritos, e pela segunda vez é exibida ao público. A exposição “Magic of Handwriting: The Pedro Corrêa do Lago Collection” foi exposta pela primeira vez na Morgan Library & Museum, em Nova York que, entre junho e setembro de 2018, exibiu 140 manuscritos, atraindo 85 mil visitantes. O catálogo da mostra foi editado pela alemã Taschen e lançado em sete idiomas.
Os manuscritos
Na exibição brasileira, quase duas centenas de personagens estarão representados, em sete núcleos, por suas cartas, bilhetes, desenhos, partituras, fotos autografadas, documentos assinados. O mais antigo dos manuscritos é um pergaminho com assinaturas de quatros papas, firmado em 1153; os mais recentes, de Fernanda Montenegro, Daniel Radcliffe e Caetano Veloso.
Muitas peças surpreendem pelo caráter inusitado: é o caso de uma gigantesca assinatura de Beethoven num recibo de mecenato ou da contagem de versos de João Cabral de Melo Neto. Outros, pela raridade do registro de personagens excepcionais e universais: os primeiros parágrafos de “No Caminho de Swann”, de Proust, com correções do autor; um bilhete de Michelangelo encomendando mármore; uma carta profética de Gandhi, a árvore genealógica de Isaac Newton ou Einstein criticando a psicanálise.
Em outros documentos, aparecem hábitos e práticas culturais, sociais e políticos, como o Marechal Rondon manifestando em carta seu desagrado com o envolvimento de militares no governo; Malcolm X assinando uma página da entrevista à Playboy, onde diz que os Estados Unidos pregam a liberdade e praticam a segregação; há cartas de Juscelino Kubitschek para Tancredo Neves e de Tancredo para Juscelino com o mesmo pedido – recomendações de protegidos. D. Pedro I manda bilhete e poema para a amante Domitila, assinando “Demonão”.
Cada documento é apresentado em uma vitrine especialmente construída para que o visitante possa visualizar a peça, com textos explicativos sobre o personagem, as circunstâncias e o manuscrito em si.
A Magia do Manuscrito – Coleção de Pedro Corrêa do Lago
Onde: Sesc Avenida Paulista – Avenida Paulista, 119 – Arte I (5° andar)
Quando: De 28 de setembro de 202e até 15 de janeiro de 2023 | Terça a sexta, das 10h às 21h30 |Sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h30
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