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Jacqueline Vargas
Foto: Divulgação/Loiro

A profissão de roteirista desempenha papel fundamental na indústria do entretenimento, sendo responsável por dar vida às histórias que vemos nas telas de cinema, televisão e streamings. No entanto, não está isenta de desafios e controvérsias, como evidenciados pela greve dos roteiristas em Hollywood. Em entrevista exclusiva ao GLMRM, a roteirista Jacqueline Vargas compartilhou sua experiência e opiniões sobre a indústria de roteiro no Brasil.

Com mais de duas décadas de experiência na área, Jacqueline compartilha como sua carreira se desenvolveu, enfatizando que a formação inicial foi em Artes Cênicas, com dupla graduação em Bacharelado e Licenciatura. Ela também menciona seu envolvimento no balé clássico, onde lecionou por quase uma década, e a longa trajetória no teatro.

A entrada no universo do roteiro não foi planejada: “Foi uma tentativa de continuar trabalhando na área do entretenimento. Nunca planejei ser roteirista, não fiz estudos específicos para essa função e, na verdade, aprendi a arte do roteiro na prática. Comecei como assistente, depois fui para linha de show, formatei quadros e escrevi realities, programas de auditório, vespertinos, matinais, infantis, documentário. E aí consegui fazer a transição para ficção. Não levei 4 anos para conseguir realizar a passagem. Hoje acumulo 24 anos de experiência.”

Falta roteirista no Brasil?

Ela concorda com a visão de que o Brasil ainda não atingiu seu potencial máximo no campo do roteiro, atribuindo isso à falta de reconhecimento do roteirista como um artista e à hierarquia que muitas vezes coloca o diretor como o principal autor do projeto: “Eles esquecem que a profissão é autor roteirista, ou seja, todo roteirista é um autor. Acho que todas as pessoas envolvidas, o produtor criativo, o diretor e o autor, são peças importantes. Não valorizar o trabalho do autor e seu ponto de vista e não escutá-lo pode causar um prejuízo imenso para a obra. Me parece que é por isso que o roteiro no Brasil não alcançou o potencial que poderia.”

Foto: Divulgação/Loiro

Argentina na frente

Jacqueline aponta que países vizinhos têm uma indústria de roteiro mais desenvolvida devido ao maior espaço dado ao autor roteirista. “É preciso mudar a forma de pensar quem é o roteirista. Ele não é o secretário do diretor, não é uma pessoa que transcreve as ideias dos outros, ele é a pessoa que traz as ideias”. Ela acredita que o Brasil pode aprender com essa abordagem, destacando a necessidade de dar mais voz aos roteiristas no processo criativo.

Roteirista com bilheteria

Seu projeto mais recente, “TPM! Meu Amor”, tem raízes nas suas experiências pessoais e mergulha no território emocional que surge quando alguém perde o controle: “Minha TPM costumava ser bastante intensa. Acredito que o filme se destaca justamente por essa autenticidade, por ser inspirado em uma situação que vivenciei. O enredo, que explora uma pessoa que perde o controle e, consequentemente, o emprego, é baseado em uma experiência pessoal minha”. A produção aborda questões relevantes de forma envolvente e bem-humorada.

Jacqueline ganhou o Emmy Internacional em 2018 por seu roteiro em “Malhação – Viva a Diferença”. “Foi uma experiência maravilhosa. Ter trabalhado com Cao Hamburger e com toda a equipe que participou desse projeto foi uma experiência muito enriquecedora”. Ela enfatiza que o reconhecimento internacional é valioso, mas o trabalho árduo e a dedicação contínua são essenciais para o sucesso no campo do roteiro.

Encerra a entrevista com um conselho para aspirantes a roteiristas: “Se você estiver realmente sentindo que a sua posição na história é a melhor, defenda aquilo que você acredita dentro dela. E minhas dicas para quem quer seguir essa carreira são: avaliar se quer mesmo segui-la, o que não é fácil, e ler muito, principalmente poesia.”

Foto: Divulgação/Loiro

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