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A poluição do ar e o calor extremo estão fortemente ligados ao comprometimento da fertilidade, como menor contagem de espermatozoides, taxas de gravidez reduzidas e um risco aumentado de aborto espontâneo, diz o documento baseado em evidências. Governos devem agir imediatamente.

Foto Freepik

A Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE) publicou um documento com várias fichas técnicas que pedem ações imediatas dos governos para enfrentar os efeitos das alterações climáticas e da poluição atmosférica sobre taxas de fertilidade e saúde reprodutiva. O material, com fichas informativas, fornece detalhes abrangentes sobre o aquecimento global, provas de seu impacto na fertilidade e apela aos decisores políticos para que promovam medidas de prevenção rápidas. “Atualmente, metade dos países em todo o mundo apresenta uma taxa de fertilidade abaixo do nível de substituição (quando as taxas de natalidade e mortalidade são iguais). O que ocorre é o que é chamado de desnatalidade, uma taxa de fecundidade que, se sustentada, torna cada nova geração menos populosa que a anterior em uma determinada área, com implicações sociais e econômicas grandiosas. Embora a infertilidade seja uma condição tratável, as ameaças ambientais inserem um número maior de pessoas no problema de infertilidade e os procedimentos ainda não são acessíveis para a maioria”, explica o Dr. Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo.

Segundo a Sociedade Europeia, as prioridades devem ser: atingir zero emissões líquidas de CO2 nos próximos 20 anos e manter o aquecimento global dentro de um aumento de 1,5%. “Os países também são instados a apoiar a investigação sobre os efeitos da poluição atmosférica e da exposição ao calor sobre fertilidade e gravidez”, completa o Dr. Rodrigo Rosa.

A poluição do ar e o calor extremo estão fortemente ligados ao comprometimento da fertilidade, como menor contagem de espermatozoides, taxas de gravidez reduzidas e um risco aumentado de aborto espontâneo, diz o documento baseado em evidências. “Sabemos que as mães expostas ao calor durante o parto têm maior probabilidade de sofrer de hipertensão, resultados de gravidez mais desfavoráveis e internações hospitalares mais prolongadas. Outro dado importante é que cerca de 3,6 bilhões de pessoas vivem em áreas consideradas “altamente vulneráveis” à mudança do clima”, diz o Dr. Rodrigo. Os principais dados descritos na ficha informativa incluem as seguintes informações:

  • Viver a menos de 200 metros de uma estrada principal está associado a um maior risco autorrelatado de infertilidade. “As taxas de gravidez aumentam 3% a cada 200 metros entre uma residência e uma estrada principal, o que exemplifica o impacto das emissões de poluentes pelos carros na infertilidade”, explica o médico.
  • Um total de 2,7 milhões (18%) de nascimentos prematuros em todo o mundo podem ser atribuídos à poluição causada por material particulado fino. Um desses poluentes é o material particulado 2.5 (PM 2.5), menor que 2,5 micrômetros, ou seja, trinta vezes menor que a espessura de um fio de cabelo humano. As partículas provêm de usinas elétricas, fábricas e veículos, ou seja, a poeira, a queima de combustíveis e os veículos automotores são as principais fontes desse tipo de poluente. “Segundo estudos, a exposição gestacional a partículas finas (PM 2.5) de poluentes esteve associada a um aumento da probabilidade de perda da gravidez em diversas regiões do mundo. Além disso, homens e mulheres que trabalham ao ar livre em cidades grandes têm maior dificuldade em engravidar (agentes de trânsito, taxistas, motoristas de ônibus etc.)”, diz o Dr. Rodrigo.
  • A exposição a incêndios florestais tem sido associada ao risco de baixo peso à nascença. “Além disso, as mulheres grávidas expostas ao calor extremo correm maior risco de parto prematuro, bebês com baixo peso ao nascer e natimortos”, diz o médico.
Dr. Rodrigo Rosa

O documento de recomendações enfatiza a ameaça crescente das mudanças climáticas, poluentes, produtos químicos que desregulam os hormônios, substâncias tóxicas e outros riscos relacionados. “Como mostra o documento, há cada vez mais evidências que associam fatores ambientais ao declínio das taxas de fertilidade e resultados adversos da gravidez. Muitas vezes a fertilidade masculina e feminina não é vista como uma prioridade e são necessárias mais medidas para enfrentar o impacto das alterações climáticas. É necessária uma ação rápida para proteger não somente esta geração, mas também a saúde e a fertilidade das gerações futuras, segundo o documento”, finaliza o Dr. Rodrigo.

Fonte: Dr. Rodrigo Rosa: Ginecologista obstetra especialista em Reprodução Humana e sócio-fundador e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo, e do Mater Lab, laboratório de Reprodução Humana. Membro da Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), o médico é graduado pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Especialista em reprodução humana, o médico é colaborador do livro “Atlas de Reprodução Humana” da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana. Instagram: @dr.rodrigorosa

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