Protagonista de ‘Fuzuê, Olívia de Araújo fala ao GLMRM sobre a beleza madura nas novelas

Marcas de expressões mais visíveis e os fios grisalhos vão se intensificando com o passar do tempo. As características podem ocasionar algumas inseguranças em algumas mulheres, mas, em contrapartida, são esses traços que reforçam a história e trajetória de cada uma. Em um mundo onde a beleza padrão tem acarretado inúmeros procedimentos invasivos em mulheres de todas as idades, tem aquelas que reconhecem o poder da maturidade como forma de autoconfiança.

Esse é o caso da atriz Olívia de Araújo, de 50 anos, uma das protagonistas da nova novela das 19h da Globo, ‘Fuzuê’, e que dá vida a personagem Maria Navalha. Em um bate-papo exclusivo com o GLMRM, a paulistana falou sobre a relação da beleza madura na teledramaturgia, além de contar sua experiência como uma das protagonistas da nova trama da televisão. Confira a entrevista:

GLMRM: Você acha que pessoas mais maduras têm ganhado mais espaço dentro da teledramaturgia quando o assunto é beleza?

Olívia: Temos várias mulheres incríveis, belíssimas, nas telinhas, e não é apenas fisicamente, uma pele bem tratada com cabelo incrível. Podemos ver mulheres acima dos 40 anos, maduras, como a Taís Araújo, Isabel Fillardis, Zezé Motta, Xuxa, Luísa Brunet, por exemplo, são belíssimas e elas têm essa beleza não só física, mas também aquela que vem realmente da maturidade da experiência, da segurança. Eu me vejo assim também, como algo além da estética que só a maturidade traz.

Fotos: Divulgação/Sérgio Baia

GLMRM: E o que você acha dos julgamentos?

Olívia: A gente ainda tá muito suscetível ao julgamento externo, ao olhar do outro, então o que as pessoas acham que é bom ou ruim, na maturidade também existe essas regras, né? Sempre tem alguém vigiando sua roupa, como está sua pele. O que muda é que esse julgamento não me atinge mais. Nenhum julgamento vai tirar as minhas escolhas ou como eu vivo ou como me vejo. Eu olho para a minha aparência e me sinto bem, me sinto feliz. Vivemos em uma sociedade que ditadora de regras,

GLMRM: Você acredita que a beleza madura tem que ser mais explorada?

Olívia: Quando a gente fala de beleza madura, estamos nos inserindo num lugar que soa meio preconceituoso, sabe? Estamos colocando pessoas dentro de um pote. Existe uma beleza em todas as idades, na infância, na pré-adolescência, na juventude… Precisamos contar uma história com todas as idades. Por exemplo, não dá pra interpretar uma mãe com uma aparência de 15 anos, fica um negócio meio esquisito, né? Então não acho que tem essa coisa de valorizar, mas sim que a beleza está aí pra todo mundo, em todos os lugares e fases da vida.

GLMRM: Você tem uma rotina de cuidados diários com a pele?

Olívia: Eu gosto de estar sem maquiagem porque eu uso diariamente e quando não estou trabalhando, me sinto bem assim. Eu tenho aquela rotina diária de lavar o rosto de manhã e no final do dia, gosto de deixar a minha pele respirar para receber a maquiagem no dia seguinte. Mas, basicamente, primeiro uso um produto para remover a maquiagem e depois para limpar o meu rosto. Ai parto para os cremes. Gosto de usar aqueles na região das olheiras e hidratante no rosto e pescoço para restabelecer a elasticidade e a firmeza de uma pele natural.

GLMRM: Falando da novela, como tem sido protagonizar uma com uma personagem tão forte?

Olívia: Tem sido uma delícia, uma verdadeira aventura, porque ela é uma personagem com muitas camadas, uma mulher muito viva, com sede de vida. Ela requer um cuidado e um estudo com afinco.

Fotos: Divulgação/Sérgio Baia

GLMRM: O que a Maria e a Olívia tem de semelhante e diferente?

Olívia: Agora que estou com uma intimidade maior com a personagem, vejo que temos de semelhante o amor pela liberdade, a escolha de viver e de fazer diferente. Já as diferenças, acredito que ela é uma mulher mais de bate-pronto, sabe? Ela tem um temperamento mais quente, mais explosiva, enquanto eu sou bem mais tranquila.

GLMRM: Tem alguma pitada de Olívia na Maria Navalha?

Olívia: No caso é ao contrário, tem uma pitada de Maria Navalha entrando na vida de Olívia. A garra com a vida que a personagem tem, a determinação, essas coisas de que a vida tem que ser vivida no agora, sem esperar o amanhã, eu tenho trazido pra minha vida. Ainda bem que é pro bem, né?!

GLMRM: Como você vê a representatividade nesse papel?

Olívia: Gostaria que o público aprendesse com ela da mesma forma que venho aprendendo. Acho que a Maria traz uma feminilidade lindíssima e que nós, mulheres, temos que ter orgulho dela. Eu sou uma mulher grande e ela tem essa coisa de usar roupas com decotes, que tem seus volumes num lugar muito natural, sem sensualizar. E essa qualidade do feminino foi uma coisa que pra gente chegar no mercado de trabalho, pra assumirmos postos, com todos os acessos e dificuldade que temos que lidar diariamente, esse feminino foi um pouco guardado e isso faz parte da gente. Então, eu trabalho bastante para seja colocado para o público de alguma maneira, porque além de bonito, é importante.