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Entrevistadas revelam tristeza e frustrações com suas aparências, além do medo de sofrerem com violência e discriminação
Anna Azem, Julia Guilger e Ivan Scarpelli. Foto: Fernando Cavalcanti

Levantamento da Dubu, consultoria de estratégia para marcas e negócios, aponta a percepção de mulheres de todo o Brasil sobre seus corpos. A grande maioria – 79% – acredita sofrer discriminação por conta de seus corpos, além de revelarem sentimentos preocupantes como vergonha (20%), tristeza (20%) e isolamento (11%) ao pensar sobre suas aparências. Grande parte das brasileiras também não gosta de se expor publicamente (37%).

Batizado de “Sem Cabimento”, o estudo verificou também diferenças importantes a respeito das percepções entre mulheres das gerações Y e Z sobre as relações com seus corpos e aparências. Em comparação com a Geração Z, as entrevistadas da Geração Y dizem não gostar de se expor (40% vs. 30%) e afirmam sentir mais tristeza ao pensar em seus corpos (21% vs. 12%). Já as mulheres da Geração Z possuem mais vontade de ser outras pessoas (20% vs. 6%), se isolam mais por conta de seus corpos (12% vs. 10%) e sentem mais pressão para ter um corpo melhor (22% vs. 19%).

“Apesar de avanços e diálogos constantes em torno deste tema, os números mostram que a pressão para se conquistar uma aparência idealizada está presente em todas as gerações”, destaca Anna Azem, sócia e cofundadora da Dubu. “Essa pressão vem de todos os lugares, desde a influência de familiares e amizades próximas, além da publicidade, influenciadores e manipulação de imagens em geral, o que particularmente possui maior influência sobre a Geração Z.”

Já para Julia Guilger, sócia e cofundadora da Dubu, “estes números reforçam a necessidade de repensar como os corpos femininos devem ser reconhecidos, em especial pelas marcas e seus programas de comunicação e desenvolvimento de produtos”, pondera. “Verificamos que 86% dos brasileiros acreditam que as marcas são responsáveis pela forma como as pessoas encaram os seus corpos, e essa influência pode conduzir a novas formas de tratamento e igualdade em nossa sociedade quando o tema são as mulheres.”

Comparações entre gêneros – O estudo também apresentou uma comparação sobre os sentimentos que homens e mulheres possuem a respeito de seus próprios corpos.

Na comparação com os homens, as mulheres possuem maior pessimismo em relação aos seus corpos. Enquanto 37% das mulheres dizem que não gostam de expor seus corpos, apenas 27% da audiência masculina respondeu o mesmo. Elas também afirmam que sentem mais tristeza ao pensar na própria aparência (19% vs. 5%), mais pressão para ter um corpo melhor (17% vs. 5%) e são mais propensas a acreditar que podem sofrer mais violência do que quando comparadas com os representantes do sexo masculino (79% vs. 66%).

Essa comparação, na visão de Azem, tem impacto direto na saúde mental das mulheres. “A preocupação e a frustração com os corpos surgem diante de comparações entre representações, crenças e imagens que se impõem e são consideradas comuns, excluindo as características e as diferenças que compõem o que há de único em cada mulher. Isso é preocupante”, ressalta, “e precisa ser mudado com o apoio da sociedade e das marcas.”

Sobre a pesquisa Sem Cabimento

A pesquisa “Sem Cabimento” é inspirada em um experimento realizado pelo ginecologista Robert L. Dickinson e pelo artista Abram Belskie em 1945. A dupla criou duas esculturas com o objetivo de representar aqueles que seriam os corpos de um homem (Normman) e de uma mulher (Norma) considerados comuns. Para a pesquisa, foram realizadas 500 entrevistas quantitativas com pessoas de todo o Brasil, de ambos os sexos, com idades entre 16 e 50 anos. O índice de confiança é de 95%.

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