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Exercícios físicos
Foto: Reprodução/Unsplash

Em busca de mais qualidade de vida e do tão falado equilíbrio entre trabalho e lazer, muitas pessoas têm praticado atividades físicas nos últimos anos. O CrossFit, por exemplo, é uma das franquias que mais cresce no Brasil. Em torno de 1,6 mil academias dessa modalidade são abertas todos os anos e, desde 2013, houve um aumento de quase 6.000% nas escolas de boxe. Já a participação global em ultramaratonas – corridas mais longas do que os 42,195 km tradicionais das maratonas – cresceu 345% em dez anos: de 34.401 inscrições anuais em 2010 para 611.098 em 2020.

Os números são da Associação Internacional de Ultrarunners e RunRepeat.com, empresa de revisão de calçados esportivos. Além de deixar de lado o sedentarismo e de cuidar mais da saúde, muitos executivos relatam aprendizados que os exercícios físicos trazem e que podem ser aplicados no dia a dia, caso da importância de fazer conexões e do trabalho em equipe.

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Mas, como em tudo, o excesso não traz benefícios para a saúde, pelo contrário. Pesquisas mostram que exercícios de alta intensidade feitos sem pausas podem prejudicar o funcionamento do corpo e levar a fraturas por estresse, além de distúrbios do sono. Isso porque, sem um tempo adequado de recuperação, o sistema imunológico não dá conta do recado e uma inflamação crônica pode se instalar.

“O excesso pode causar prejuízos como dores musculares, rompimento de ligamentos e fraturas, além de alterações do sono, do apetite e do humor e, em casos extremos, até morte de pessoas que têm doenças congênitas cardiovasculares e metabólicas”, explica o educador físico Adriano Jr. Lopes Villa, especialista em fisiologia do exercício.

Malgorzata Wamil, cardiologista da Mayo Clinic Healthcare em Londres, explica que, para pessoas que herdaram enfermidades cardíacas (as chamadas cardiopatias), os exercícios competitivos podem aumentar os batimentos do coração a ponto de provocar uma parada. “Algumas não sabem que têm essa predisposição genética e, frequentemente, realizamos esses diagnósticos após paradas cardíacas que, em muitos casos, aconteceram durante uma competição”, explica Malgorzata.

O IMPACTO DO EXCESSO

Foto: Reprodução/Unsplash

Há uma década, cientistas do campus Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP) e do campus Limeira da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) avaliam os impactos do excesso de atividade física e já descobriram que treinos muito intensos podem provocar alterações no coração, fígado, músculos e sistema nervoso.

Em um desses experimentos, realizado com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), camundongos foram colocados para se exercitar intensamente durante oito semanas. Ao final desse período, os animais apresentaram insuficiência cardíaca, dificuldade na captação celular de glicose e aumento de gordura no fígado – dois problemas relacionados à obesidade e ao diabetes.

Que fique claro: a questão não é o exercício em si. “O problema é o excesso e o tempo que a pessoa leva para se recuperar do esforço”, explica Adelino Sanchez Ramos da Silva, coordenador da pesquisa e professor da Escola de Educação Física e Esporte da USP, em Ribeirão Preto. De acordo com ele, ainda não há consenso da quantidade certa, já que essa é uma questão individual.

“Muitos fatores entram nessa conta: idade, nível de condicionamento físico e tipo de exercício”.

Para ele, a melhor forma de alguém descobrir se está suficientemente recuperado é ver o quanto se sente apto para iniciar outra atividade física. “Geralmente, 48 horas é um período aceitável e recomendado, mas esse intervalo pode ser menor para alguns. Atletas de alto nível, por exemplo, têm apenas um dia off na semana”, informa.

Texto por Caroline Marino.

*A reportagem completa está na edição de setembro da revista PODER, já nas bancas.

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