Linda Evangelista não só dominou as passarelas de moda como foi um dos rostos mais icônicos em capas de revistas durante duas décadas. No entanto, de modo repentino, a canadense sumiu dos holofotes por anos, só retornando em 2021. Alegou na época que os efeitos colaterais da CoolSculpting, técnica que usa o resfriamento controlado para atacar e destruir células de gordura, deram errado e a deixaram com o rosto desfigurado, levando-a a evitar aparecer em público.
Mas esse não foi o único motivo. Em recente entrevista para a “WSJ Magazine”, a top revela que nos últimos cinco anos travou uma luta contra o câncer de mama. “Mantive isso em segredo. Não sou daquelas pessoas que têm que compartilhar tudo. Pensei comigo mesma: ‘um dia vou fazer, mas enquanto estou passando por isso, não farei de forma alguma'”, explica.
O primeiro diagnóstico surgiu em 2018 durante um exame de rotina. Linda conta que “as possibilidades não eram boas”, mas optou pela mastectomia bilateral porque, segundo ela, “o câncer de mama não vai me matar”. Em julho do ano passado, após sentir um caroço no peito, passou por ressonância magnética e descobriu que a doença havia voltado, agora no músculo peitoral.
Ela permitiu que seus médicos fizessem outra operação e, depois do episódio, diz que vem lidando com a aceitação da questão estética que a cirurgia causou no seu corpo e aceitou o convite da Fendi para estrelar o seu último desfile, que aconteceu em setembro de 2022 em Nova York. Usou uma capa de ópera que cobria seu corpo. E por mais que o tratamento tenha sido eficaz, Linda afirma que não há garantias de que sua jornada contra o câncer tenha terminado. “Estou em modo comemoração”.
Precisamos falar sobre câncer de mama
GLMRM conversou com a Dra. Laura Testa, especialista no tema e chefe do grupo de mama da Universidade de São Paulo (USP), que explica que por mais que a mamografia regular seja de extrema importância, ainda há temas que precisam ser discutidos, já que uma em cada oito mulheres pode adquirir a doença. “Um deles é procurar ajuda quando a mulher sente alguma alteração na mama. O autoexame faz com que a gente conheça nossa mama. Se algo de anormal não vai embora em dias ou semanas é preciso investigar, independentemente da idade. É aconselhado que aos 30 anos façamos uma avaliação para entender qual é o risco individual de contrair o câncer de mama e, caso haja propensão, traçar estratégias de prevenção individualizada”, explica.
A relação do álcool com a doença
“Quatro doses na semana, o que não é nada para um jovem com vida social ativa, já é o suficiente para aumentar a chance de contrair a doença. Além disso, quanto mais esse consumo for próximo da puberdade e da formação das glândulas mamárias, maiores as chances de desencadear câncer de mama na mulher”, destaca.
Diagnóstico positivo
O primeiro passo é que o próprio médico esteja preparado para acolher essa mulher para dar o direcionamento necessário e o plano de tratamento. “Além disso, hoje em dia temos tratamentos, resultados e possibilidades para entregar uma melhor qualidade de vida. Aconselho a pessoa a ter uma rede de apoio porque há muitas burocracias associadas.”
O fator psicológico
A médica oncologista destaca que muitas pessoas se beneficiam do apoio psicológico durante o tratamento e mais do que isso: é preciso respeitar a individualidade de cada pessoa. “Tenho uma preocupação muito grande de não invadir o momento da pessoa com positividade tóxica. Nessa situação é fundamental darmos espaço para a pessoa expressar seus sentimentos e fazer com que se sinta acolhida. Todas as formas de se sentir parte de um grupo, seja apegando-se à espiritualidade, psicologia, esporte, dança, família, são bem-vindas.”
Novos tratamentos
“Hoje em dia temos inúmeros tratamentos para o câncer de mama. Conseguimos ver a necessidade de cada paciente e entender sua biologia celular. Para algumas pessoas, a quimioterapia ainda é um tratamento fundamental, mas temos remédios novos e estratégias que estão à disposição das pacientes”, finaliza.
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