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Reprodução/Pexels

Estamos assistindo a uma das mais significativas quebras de paradigmas no mundo corporativo: o fim da isenção por parte de líderes e marcas em relação a temas cruciais para a sociedade. Ser, como se diz, “isentão” é coisa do passado. Se antigamente a orientação era ficar em silêncio em relação a temas sociais, hoje vemos um movimento contrário: falar.

O posicionamento nem sempre se dá por declarações formais, mas por atitudes concretas. Foi o que aconteceu na semana passada, quando o diretor do Airbnb, Brian Chesky, foi a público em seu Twitter para oferecer hospedagens de graça aos mais de 100 mil refugiados ucranianos que chegaram aos países europeus vizinhos. Evidente que foi uma decisão da companhia, mas um executivo ceder sua figura publicamente é, sim, um exemplo do paradigma se concretizando bem debaixo do nosso nariz.

Um milhão de dólares ou sua liberdade de opinião?

Na era da transparência, emerge também a figura do “líder ativista”. Me refiro ao líder que dá a cara a tapa, manifestando publicamente sua visão de mundo na esfera de cidadão, independentemente do cargo que ocupa.

Há menos de um mês, a ex-presidente da Levi’s, Jennifer Sey, protagonizou um episódio importante nessa narrativa. Mesmo sendo uma forte candidata a futura CEO, pediu demissão em nome de sua liberdade de opinião sobre o assunto Covid-19. “Abri mão de uma rescisão contratual de 1 milhão de dólares para ter o direito de dar a minha opinião”, disse a executiva em entrevista à NBC.

O que está por trás disso

De acordo o Trust Barometer 2021, realizado pela consultoria Edelman, 90% dos brasileiros esperam que CEOs se manifestem publicamente a respeito de assuntos de relevância social, como efeitos da pandemia, automação no trabalho, problemas sociais e impactos na comunidade. Outro dado do mesmo estudo: na perspectiva do público, empresas são mais confiáveis (61%) do que instituições como ONGs, mídia e governo. Logo, quando Airbnb oferece moradia a refugiados ou a CMO de uma gigante da moda se expõe em relação a política, entre tantos outros casos, estamos vendo o ponteiro sair do lugar.

Termino aqui com uma provocação importante, feita por Aaron Sherinian, Former CMO da United Nations Foundation, a todos os líderes e brand managers: “O silêncio em assuntos sociais pode ser o beijo da morte para marcas”. Como você, seu time e sua companhia têm se preparado para isso? Ficar isento já não é uma opção.

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