Um dos mais populares e polêmicos pensadores da atualidade, o filósofo Luiz Felipe Pondé não é, exatamente, um otimista. Pelo contrário: sabe como poucos apontar as mazelas da sociedade e as contradições do comportamento humano. Apesar do debate sobre felicidade existir há quase dois mil anos, o filósofo busca inspiração em algumas dezenas de pensadores para falar sobre a lógica da felicidade e da infelicidade em seu novo livro “(in)Felicidade para corajosos”. A obra argumenta, por exemplo, que ser bom não garante nada e que a ambição desmedida é um motor poderoso para a infelicidade.
“Trago uma questão nesse livro que é o tema da insuficiência humana, como a gente não consegue dar conta de tudo, que as coisas escapam da nossa mão, nosso organismo é insuficiente e, daí, parte toda a questão da infelicidade”, disse ele em live com Joyce Pascowitch nessa quarta-feira. “Essa insuficiência é sobre o homem não ter em si todos os atributos necessários para ser o que ele gostaria de ser”, explica. Diretor do Laboratório de Política Comportamento e Mídia da PUC-SP, Pondé aponta ainda que a coragem é uma virtude cardeal “porque para enfrentar os desafios e tomar certas decisões ao longo da vida, você tem que ter coragem, às vezes, de ir contra você, contra seu próprio desejo”.
Longe de ser uma obra de autoajuda, o escritor aponta que a busca constante da humanidade pela felicidade está ligada ao fato de que a infelicidade é um sentimento muito mais recorrente. “Ela é recorrente como potencial no horizonte, que vai se realizando ao longo da vida. É normal que você não queira ser engolido pela infelicidade o tempo todo, apesar de que em um certo nível isso é inevitável”. Em contraponto, ele também ressalta que hoje há uma valorização exagerada da felicidade, quase como uma espécie de tirania, e que a felicidade e a infelicidade trocam de lugar o tempo todo em nossas vidas.
“Não é uma experiência individual como o romance vende, que você consegue ser feliz sozinho. Não somos uma espécie solitária. A felicidade é algo que precisamos de tempo para cultivar.”
Luiz Felipe Pondé, Filósofo
Mas então qual o segredo para a felicidade? “A felicidade real é reconhecer onde você está, o presente. Sucessos profissionais, vínculos que você faz, coisas que você realiza, coisas que têm aquele significado completo cotidiano”, finaliza. A conclusão pode ser que talvez você não termine de ler “(in)Felicidade para corajosos” exatamente feliz – mas terá alimentado sua cabeça e o espírito pensando a respeito.
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