Quem já esteve em algum show de Maria Rita sabe que não dá para ficar parado. Animada, divertida, nonstop. A efervescência da cantora é sentida pelos fãs e até os acompanhante não saem ilesos – quem vai a uma apresentação dele apenas para espiar acaba no samba, dançando junto. É um fervo, para dizer o mínimo. A turnê de seu oitavo disco “Amor e Música” começou no dia 3 deste mês na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro, e sem colocar os pés na estrada com uma turnê de canções inéditas há três anos, ela se prepara para subir ao palco do Citibank Hall nesta sexta-feira para o começo de um tour que segue até junho em terras brasileiras antes de desembarcar em Portugal para duas apresentações – uma em Estoril e outra em Viseu no mês de agosto.
NO COMANDO
O show conta com direção e produção da própria cantora, que em entrevista exclusiva ao Glamurama falou sobre suas expectativas para essa nova fase. “O show é muito eu e não tenho maturidade para seguir ordens, não gosto que digam o que preciso fazer. É curioso que ainda se espantam quando digo que tomo todas as decisões do show, virou pauta”, diverte-se. “Sempre dirigi meus espetáculos. Meus discos, no mínimo, eu que os co-produzi. Sou muito centralizadora, um problema de ser virginiana”, explica gargalhando. Para ela esse processo é um caminho natural, quase como a extensão de sua voz. “As pessoas querem me ver por inteira, tudo ali sou eu. Me entrego sem limites. Por isso acho estranho passar essas tarefas para outra pessoa, parece impessoal aos meus olhos.”
CORAGEM
Nos três anos que passou sem fazer turnê, Maria não ficou longe dos palcos, muito pelo contrário, shows pontuais aconteceram e sempre com lotação máxima. Quando perguntada sobre a expectativa desse pé na estrada depois de um tempo mais low profile, ela não se intimida. “Expectativa é difícil, busco não criar. Toda noite que subo no palco sinto como se fosse a primeira e última vez. Sempre penso na plateia, que é como vencer uma batalha, conquistar a confiança de quem veio me ver cantar. Não crio expectativa porque a cobrança comigo é insana, brutal, acabo me desesperando. Quero ser bem recebida e fazer o que sei de melhor: cantar”, conta.
OLD SCHOOL
Maria ainda acredita que gravar um novo álbum seja a realização física de um grande trabalho, já os amigos encaram essa ação como uma resistência. “Estava correndo o Brasil antes de começar a gravar e as pessoas mais próximas não acreditavam que eu iria iniciar um novo CD. Diziam ‘não tem razão para isso nos dias de hoje’. Gravar um novo álbum é estranho, eu sei que o mercado está diferente. Dizem que sou a resistência, a Joana D’Arc do CD. Mas eu sou meio antiga, ainda acredito no disco”, resume.
FAMÍLIA
E quando o assunto é deixar a família em casa, a voz da cantora até some ao telefone. “Carrego uma culpa danada, os anos passam e eu continuo boba”, desabafa a mãe de Alice e Antonio. “A pequena tem cinco anos, é difícil à beça e fico cheia de culpa. Pensar que deixei minha filha em casa para passar por isso, atraso de voo, de palco… Ela está numa idade em que não dá para perder tempo, preciso calcular para não deixar nada para trás”, reflete a cantora.
“Não é um privilégio meu, a geração de mães que esta trabalhando fora de casa, seja numa cidade longe ou perto, que precisa pegar um trem para ir trabalhar, essas mães ficam divididas. O que me salva nesse sentido de maternidade é saber que se eu não trabalhasse eu não seria uma boa mãe, crio meus filhos para ver a minha ausência como algo positivo, um motivo de alegria. Quero que eles estejam orgulhosos, afinal, trabalhar é importante, ser produtivo é importante. E torcer para que essa minha falta não gere conflito, que eles cresçam dando valor em tudo isso que hoje me faz arrepiar”, finaliza. (Por Matheus Evangelista)
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