Glamurama encontrou com Bethy Lagardère nesta segunda-feira na abertura da exposição “Italian Glamour”,uma retrospectiva da moda italiana dos últimos 70 anos, na Cidade das Artes, no Rio. Cheia de opiniões e direto ao ponto como sempre, ela falou com a gente sobre vários assuntos, todos ligados ao mundo fashion, claro.
Saudade dos tempos de modelo
“Não sinto nostalgia ao ver esses vestidos aqui. Moda é evolução. Nostalgia só porque não possuo mais o mesmo peso e a moda se dedica à juventude, exclui mulheres como eu. Fico feliz porque as escolas daqui não se preocupam em passar a história da moda e nesta mostra tem bastante coisa. Nós temos um grave defeito: sempre olhamos pra fora, o que dá margem a cópia. Mas as escolas falam pouco de tecnologia também. Gosto cada um tem o seu, allure é difícil… Já a tecnologia, já tivemos.”
Linha de produção
“Eu vivi isso aqui nos anos 60: nós éramos os reis do algodão. O que aconteceu? Hoje os estilistas precisam importar os tecidos… A indústria têxtil não acompanha os criadores, é inexistente. Nos anos 70, os Matarazzo participavam do processo de criação, junto com os estilistas. O tecido falava antes da roupa.”
Fashion Rio sem inverno
“Nós temos um sério problema: querer fazer moda regional. Me bato muito com isso. Tem que ser uma moda brasileira. E é verdade que a moda que o Rio propõe é a de verão. O mundo não vai nos procurar para comprar um casaco de pele. Me poupe. Isso vai dar mais força pra gente, um equilíbrio. Vamos ser honestos? O que é a moda inverno no Brasil? É transparência e roupa sem manga. Na Europa você tem o princípio de estação, outono, inverno, alto inverno… Aqui não tem. Então não devemos ficar muito pretensiosos.”
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- Bethy Lagardere,