PAIXÃO
Em meados de fevereiro, chega ao Brasil o livro “Cinefilia”, do francês Antoine Baecque, que lançou no ano passado “Godard – Biographie”, a primeira obra francesa do gênero sobre o cineasta Jean-Luc Godard. Detalhe: trata-se de um livro “tem que ter na biblioteca” dos apaixonados por cinema, como o próprio título indica.
* Baecque, que já foi editor da revista “Cahiers du Cinéma”, traça uma espécie de perfil dos críticos André Bazin, George Sadoul, François Truffaut, Roger Tailleur, Bernard Dort e Serge Daney, para contar a história da cinefilia, que se intensificou após o fim da Segunda Guerra Mundial. Ele mostra como esta prática conquistou seu lugar na história cultural do século XX ao inventar uma forma de ver e entender o mundo por meio do cinema.
* Estamos falando de uma geração cuja paixão pelo cinema não se contentava em apenas assistir aos filmes, era preciso colocá-los em discussão, compreendê-los, analisá-los. Uma experiência que naturalmente levou à criação de diversas revistas dedicadas à crítica, como, por exemplo, a “Cahiers du Cinéma” e a “Positif”, que surgiram no começo dos anos 1950 buscando traduzir esta paixão em reflexão estética e escritos conceituais.
* Está certo. Pode ser que alguém perceba na escrita de Baecque um quê de: “há como era incrível aquele tempo que não volta mais”, mas também fica claro que cinefilia é uma prática eterna, uma vez “mordido pelo cinema”, para sempre “mordido pelo cinema”. Os cinéfilos sabem bem o que é isso.
* O livro de Baecque é o 14º título da coleção “Cinema, Teatro e Modernidade”, publicada pela editora Cosac Naify e coordenada pelo crítico Ismail Xavier.
Por Anna Lee
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