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Por Paulo Sampaio para a revista Joyce Pascowitch de junho

Uma espécie de alvoroço contido, cheio de sussurros e risadinhas, toma conta da ala feminina da equipe de produção pouco antes da entrada de Cauã Reymond no apartamento onde foram feitas as fotos. O clima no local faz lembrar o de uma festa surpresa em que todo mundo fica em silêncio quando o aniversariante está para chegar. “É ele?”, “Chegou??”. Ao lado de uma arara comprida, cheia de shorts, cuecas e pijamas pendurados, o stylist aguarda o sex symbol para vesti-lo com algo bem ventilado. O corpão é basicamente o mesmo da época de Malhação, no início da carreira, mas agora Cauã tem status de galã do primeiro time. Trabalha em séries da Globo com acabamento de cinema, teve um papel de destaque na novela “Avenida Brasil”, e faz um filme atrás do outro. Participou de 11 produções, um bom número considerando que começou a fazer longas em 2004. Tornou-se empresário de cinema também. Coproduz alguns filmes e é produtor associado de outros. O próximo, ainda em fase de produção, é “Língua Seca”, sobre um grupo de motoqueiros que parte para o sertão do nordeste em busca de uma santa que faz chover. O papel da mocinha da história vai ser de Sophie Charlotte. Muito sério, Cauã Reymond, 34, prefere reconhecer a consagração com cautela. Na opinião dele, seis meses de deslumbramento com a fama, quando o ator está começando, são aceitáveis. “É até saudável”, acha. Passou disso, “entra em um terreno muito perigoso, uma areia movediça”. Palavra de quem se considera fora de perigo. Com 12 anos de carreira, o ator acredita que soube “amadurecer dentro da nova organização”.

Altas ondas

Durante boa parte da sessão, fotógrafo e ator contam suas peripécias no mar. “Quantas pranchas você vai levar?”, pergunta o primeiro. “Quatro”, responde o outro. Levar pra onde?, pergunta a reportagem. Cauã lança um olhar de reprovação. O ator não quer falar do surfista. Inspira, solta o ar, dá uma relaxada e termina contando que vai viajar nas férias com o pai. “Sou discreto em relação à vida pessoal.” No começo da conversa, Cauã diz que acordou cedo para levar pessoalmente o presente de aniversário da filha, Sofia, que completava 2 anos naquele dia. Deu o que para ela? “Prefiro deixar minha filha fora da entrevista.” Respira de novo, relaxa e diz: “Um par de brincos”. Imagina-se qual pode ser a reação quando J.P pergunta ao faixa preta em jiu-jitsu sobre o namoro com a ex-modelo Camila Espinosa. Novo olhar de reprovação.

Pouco depois, Cauã Reymond arrisca um gracejo com a plateia feminina ao redor. E então, uma das meninas vira “a ruivinha”; a outra daria “uma modelo da Chloé”; e tome sorriso de orelha a orelha. Sem abandonar a maturidade artística, ele pergunta: “Agora, diz aí, quem aqui dorme de pijama? Eu durmo de cueca e camiseta furada”. A mulherada se olha. Com sua expressão mais distraída, ele se mostra curioso a respeito de um par de cordas penduradas na parede que servem para, segundo o fotógrafo, dono da casa, “soltar a coluna”. “Pode crer.”

Com 4,6 milhões de fãs no Facebook, Cauã Reymond afirma que usa as redes sociais apenas profissionalmente. Gosta de fotografar? “Para mim, é trabalho. Dificilmente você vai me ver tirando uma foto da minha filha, ou de um momento íntimo.” O ator diz não ter “paciência” para fazer selfie. Apesar de lamentar a caça às celebridades na internet, ele a considera uma ferramenta da qual todos são reféns, “e eu me incluo”.

Amores Roubados

Depois do fim do casamento com a atriz Grazi Massafera, mãe de Sofia, os sites têm aproveitado a solteirice do ator para associá-lo a mulheres bonitas. A química com Antônia, personagem de Isis Valverde na minissérie “Amores Roubados”, causou frenesi dentro e fora da história. Ela, para fugir do assunto, preferiu rir da situação: “Se aumentar os pontos (do Ibope da série), ótimo”, disse na época. Embora a dupla não tenha assumido nada, nunca, Cauã deu um bom tempo para arrefecer os ânimos e soltou, em uma entrevista ao jornal O Globo: “Estamos separados (ele e Grazi)”. Já Camila Espinosa, segundo um grupinho de amigas inconfidentes, está achando a experiência com o protagonista do seriado O Caçador “tudo de bom”.

Com um currículo pessoal que agrega beldades como a atriz Alinne Moraes, com quem foi casado por três anos, além das já citadas, Cauã opina sobre o tema da edição: “O que, afinal, querem as mulheres?”. Segundo ele, elas não sabem bem. Nem tampouco os homens. “Ambos estão meio perdidos. Elas continuam querendo um cara protetor, mas não como aquele que saía para caçar e arrastava a mulher pelos cabelos.” O modelo de homem, segundo ele, é sensível e másculo, “que sabe ficar calmo quando ela está nervosa, na TPM”. Cauã acha que as mulheres estão sexualmente mais permissivas. “Hoje, a juventude tem contato com um bombardeio de imagens sensuais na internet. A minha geração tinha de comprar revista de sacanagem para entrar em contato com esse universo. Muitos homens, que se sentem intimidados com essa liberdade sexual, ou pansexualidade, migram pro ‘yin’ (lado feminino).”

Making of

Entre um clique e outro, Cauã posa com as funcionárias da casa, grava o making of e se senta para continuar a conversa. Fala sobre a vida nômade que levou na juventude, primeiro quando deixou o Rio para viver com o pai, em Florianópolis, depois quando morou em Milão e Paris, nos tempos em que modelava. Trabalhou com estilistas como Gianfranco Ferré e Jean Paul Gaultier, e posou para campanhas de moda com Gisele Bündchen e Fernanda Tavares. Durante uma temporada em Nova York, fez umas aulas no Actors Studio, a lendária escola de teatro. De volta ao Brasil, começou a cursar psicologia na PUC, e então veio a TV… “Sou fissurado no Miles”, diz Cauã, aludindo ao autor do jazz que toca ao fundo, Miles Davis. Ao falar de seus atores favoritos, ele cita “Denzel” [se referindo a Denzel Washington], Joaquin Phoenix e Javier Bardem. Acha “bobo” quando alguns atores dizem que não assistem ao próprio filme depois de pronto. Com linguajar de insider, afirma que “hoje, a jornada é mais importante que o resultado”. “Se a cena foi gostosa, já vale.” Entre um elogio a Miles Davis e uma citação a clássicos do cinema, como Days of Heaven, de 1978, Cauã Reymond solta um “Qual é, brother?”, mas logo a prosódia do garotão pegador (de ondas) dá lugar à do macho sensível, e ele se permite dizer que Richard Gere, no filme, “tá bonito pra caralho!”

 

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