Por Michelle Licory
Glamurama esteve na abertura da exposição “Italian Glamour”, uma retrospectiva da moda italiana dos últimos 70 anos, essa segunda-feira na Cidade das Artes, no Rio. Com cenografia de Daniela Thomas, a mostra traz 130 looks de Prada, Versace, Gucci, Armani e muitos outros, parte do acervo de 6 mil roupas e acessórios da dupla Paolo Tinarelli e Enrico Quinto, que assinam a curadoria. Os dois emprestaram 10 dos 80 itens em exibição no Victoria and Albert Museum, em Londres, dentro da exposição “O Glamour da Moda Italiana/1945-2014″, em cartaz por lá. Não dá pra discutir que eles são uma referência na área… Vem ver o bate-papo completo com Enrico.
Um ícone de uma década
“Moda pra mim não é só um prazer, uma vaidade. E não é só arte: é tecnologia, capacidade de trabalho. Um dos modelos mais famosos que trouxe para o Rio acho que é um Versace de 1993 que a Liz Hurley usou na première de “Quatro Casamentos e Um Funeral”, acompanhando o Hugh Grant. Foi uma sensação esse vestido [com fendas e alfinetes]! Há mais ou menos um ano a Lady Gaga começou a desfilar com várias criações vintage do Versace e repetiu esse modelo. Versace, com sua sensualidade barroca, e Dolce&Gabbana foram os revolucionários dessa época.”
Como tudo começou
“Os primeiros vestidos da minha coleção eram da minha mãe e da minha irmã. Na década de 80, elas usaram muito Ferrè e Versace. Sou um apaixonado pela história da moda, fotografia de moda…. Vestidos vivos, sublimes. Não me interesso por essa coisa de moda pela moda. É um negócio como qualquer outro. Não gosto da loucura, da euforia. No final são apenas vestidos, alguns com uma identidade muito forte. E no meu acervo tem peças do mundo inteiro. Essa exposição é só sobre a Itália, a do Victoria and Albert Museum também. Mas um dos vestidos mais especiais que tenho é um Courrèges. A moda é global.”
Brasil no acervo
“Tenho peças brasileiras também, da década de 40, da Casa Sloper, e da década de 50, da Casa Canadá. Eram casas de costura que reproduziam figurinos. Mas também tenho criações de José Ronaldo, da década de 60, e de Ocimar Versolato, que foi o primeiro brasileiro a ser conhecido internacionalmente. Gostaria de adquirir algum trabalho do Guilherme Guimarães e tecidos pintados por Burle Marx. E tenho roupas masculinas da Osklen, mas as peças femininas são mais interessantes, porque trazem um novo estudo de volumes. Se bem que esse gosto vagamente intelectual não corresponde, não faz sentido para a mulher brasileira, que quer se mostrar. A primeira coisa que minhas amigas daqui fazem ao provar um vestido trapézio, por exemplo, é colocar um cinto, para evidenciar suas curvas.”
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