Por Michelle Licory
A Blue Man anunciou sexta-feira em um comunicado oficial a saída de seu diretor criativo, Thomaz Azulay, primo de Sharon Azulay, que herdou a marca do pai, David Azulay. Glamurama já conversou com Sharon. Em um dos trechos da entrevista, ela contou: “Balde de água fria foi o dia em que eu estava em Nova York e recebi um telefonema avisando que meu pai tinha morrido. Não é que eu simplesmente contratei um diretor criativo e mandei embora. É meu primo, meu irmão. Ele não precisa ser a sombra de uma história”, nos disse a empresária, há dois dias. Agora é a vez de Thomaz contar seu lado:
* Por que sair agora? “Me senti preparado. A Blue Man foi uma escola, mas senti que era o momento para novos ares. E a Sharon sempre incentivou esse meu voo solo.”
* Vocês brigaram? “Nunca brigaria com a Sharon. Somos muito unidos. Não tem egotrip. Não estou abandonando o barco, e sim descendo para o meu botezinho. Somos luzes fortes e independentes. Ninguém apaga a luz de ninguém. Essa questão é uma herança dos nossos pais. Eles também começaram juntos e em algum momento se separaram. Eram duas forças muito grandes para estarem juntas. E os dois sempre foram bastante complementares. Nunca um brilhou mais do que o outro. O David era mais business, ele mesmo se dizia um comerciante da moda. Meu pai era mais criativo.”
* Ela disse que, desde quando te contratou, sabia que a Blue Man não era seu universo, que você tem uma batida mais fashion. “Levei essa minha veia fashion para a Blue Man. Depois de oito coleções, vejo o resultado do meu trabalho para a marca. Não era uma dificuldade aplicar a minha visão de moda na Blue Man. Mas eu nunca tinha pensado em criar biquínis. Calhou de eu ser a pessoa perfeita [quando Sharon assumiu], com muita liberdade e propriedade em cima do assunto e da história da marca.”
* Talvez esse não fosse o melhor momento para sua saída, principalmente depois da crise do fim do ano passado [Sharon colocou Ricardo Henriques, contratado para gerir a empresa, na Justiça. A palavra que mais se ouvia na época era superfaturamento]. “Na verdade, estamos em um momento muito bom. A última gestão teve problemas, mas isso não afetou a marca. Foi uma estação com uma venda boa. Saio em uma hora em que a peteca está lá em cima. E deixo uma coleção pronta. Só é delicado sair quando se está por baixo… A Blue Man tem hoje uma estrutura de criação muito sólida. Tem gente que trabalha lá há 30 anos.”
* Sharon confirmou que a Blue Man vai pular este Fashion Rio por uma questão de prioridade: precisa investir mais nas lojas. Não dá uma tristeza não poder se despedir na passarela? “Isso é o de menos. Poderia até dar uma tristeza, mas vou continuar frequentando a fábrica. Não tem lágrima. E a imagem da marca está muito boa. Dá pra segurar uma temporada sem desfile. Na vida, é preciso fazer escolhas.”
* E o que podemos esperar para essa última coleção? “Muito contraste com a passada, que mostrava o tropical barroco. Esta fala de esporte, movimento e adrenalina. Exploramos bastante as formas geométricas.”
* Pode adiantar quais são seus novos projetos? Tem algo a ver com o legado do seu pai [Simon Azulay, criador da Yes Brazil]? “Ainda não, mas não será uma marca de beach wear. Não vou concorrer com a Blue Man. Quero me encorajar em outros tecidos. Mas tudo o que eu faço tem a influência do meu pai, e do meu tio, claro. Isso é sempre muito presente.”
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