Descubra a trajetória inspiradora e o processo de evolução como empreendedoras das irmãs que comandam a Inglesis, marca nacional de moda autoral.
Idealizada em 2012, a Inglesis foi desenvolvida pelas irmãs Fernanda e Bianca Inglesis, que dedicam seus esforços para alavancar a moda autoral brasileira. Mergulhando no universo da arte, comunicação e design, a label construiu um ambiente criativo único que permeia suas peças.
A história das irmãs como empreendedoras começou com um blog de lifestyle criado por Bianca, chamado Superfluous. O site ganhou notoriedade e evoluiu para uma loja online de acessórios. Em 2016, Fernanda, então estudante da London College of Fashion, se uniu ao projeto e começou a criar e costurar as primeiras camisetas Superfluous. Esse foi o primeiro passo na transição de loja online para uma marca de moda.
Desde então, a Inglesis vem conquistando seu espaço e reconhecimento no mercado de moda nacional. Em 2020, abriram sua primeira loja física em São Paulo e, ao longo dos anos, expandiram para outras cidades e estados do Brasil com presença em importantes multimarcas. Com essa expansão, surgiu a necessidade de um nome que representasse melhor essa nova fase. Como a marca representa a visão criativa de Fernanda inserida no universo idealizado por Bianca, decidiram usar o sobrenome da família, mantendo a essência construída pelas irmãs.
GLMRM bateu um papo com as irmãs Inglesis para entender a transição do blog para marca de moda autoral, os desafios durante esse processo, a dinâmica de um negócio liderado por duas irmãs e o processo criativo delas. Confira:
Qual foi o momento decisivo que levou vocês a perceberem que o blog poderia se transformar em um negócio lucrativo?
BIANCA: Na época em que eu tinha o blog, o e-commerce em geral ainda não era tão comum aqui no Brasil. A maioria das marcas nem tinha ou estava iniciando o processo de ter uma loja virtual. Algumas empresas não tinham nem site. Eu via isso no dia a dia da agência em que trabalhava na época. Dessa forma, eu conseguia enxergar o número de acessos do blog e sentia que já tinha um público engajado, que comentava nos posts e textos que eu publicava. Enxerguei ali uma oportunidade de transformar o blog em uma loja e ter um retorno financeiro, oferecendo para o público os produtos que faziam parte do universo dos conteúdos publicados no blog.
Quais foram os maiores desafios que enfrentaram como empreendedoras ao transformar o blog Superfluous em uma marca de moda consolidada?
BIANCA: Os desafios de empreender foram e ainda são muitos. Eu poderia passar horas falando sobre cada um deles. Mas, de forma bem resumida, acredito que um dos maiores desafios foi conquistar a credibilidade e se diferenciar dentro de um mercado de moda que é grande no Brasil e, ao mesmo tempo, compete com marcas no exterior. Sabemos que nossas clientes também consomem esses produtos. Por outro lado, tivemos que começar do zero e estruturar a empresa como um todo. Isso envolve equipe, fornecedores, local para se estabelecer, prestadores de serviço, pontos de venda, presença digital e anos para se consolidar.
FERNANDA: Encontrar parceiros e fornecedores foi desafiador no início, mas depois de muitos anos de trabalho, eles começaram a vir até nós. Com o tempo, também fui entendendo que focar no produto é a melhor estratégia para ganhar reconhecimento dentro da nossa área. Claro que um planejamento de marketing, divulgação e outras estratégias são extremamente importantes para a ascensão de uma marca de moda, mas, se o produto não entrega, tudo isso acaba sendo em vão. Ao administrar uma empresa independente, muitas vezes nossas horas úteis ficam comprometidas com questões administrativas, relacionamentos e outras atividades. Aprendi que preciso sempre reservar o tempo necessário para garantir que o produto esteja alinhado a todo o nosso crescimento e reconhecimento como marca.
Sem contar que é um desafio constante se destacar no mercado. Como a Bi falou, há muita gente boa no que faz, à frente de marcas incríveis que admiramos e acompanhamos.
Vocês poderiam compartilhar como é o processo criativo de desenvolver uma coleção, desde a inspiração até a peça final?
FERNANDA: Gosto de dizer que a maior inspiração para a criação de peças são as mulheres que fazem parte da minha vida. Faço um processo de pesquisa amplo e sempre encontro um universo criativo para cada coleção. Foco em alguma década, lugar ou movimento artístico, por exemplo, que me direciona na criação de estampas pintadas à mão, silhuetas contemporâneas e no mood que queremos transmitir como um todo. No entanto, o que dita a criação das peças e modelos em si está muito relacionado a essa análise e constante observação do que vejo minhas “musas da vida real” usando. Quais são os itens do guarda-roupa que elas utilizam no dia a dia na cidade e que também colocam na mala de viagem, por exemplo? Qual tipo de estampa elas enxergam como algo que pode ser repetido mais vezes, e não apenas uma peça de uso único? Procuro trazer esse lado mais comercial e prático, misturado com o conceitual, em cada cápsula que lançamos. Além disso, todo o desenvolvimento das peças é feito em nosso ateliê. As peças passam por vários processos de construção em 2D e 3D, um processo técnico que gosto de dominar e explorar para a criação de novas silhuetas. Muitos modelos “nascem” nesse processo também.
BIANCA: Eu participo desse processo de forma paralela, pois estou diretamente ligada à parte de comunicação e marketing da Inglesis. Mas acredito que, do meu lado, busco trazer o retorno do que já fizemos e deu certo em termos de modelagem, feedback das clientes e impacto digital das campanhas.
Como é trabalhar juntas como irmãs no mundo dos negócios? Como vocês lidam com eventuais divergências criativas e de gestão?
BIANCA: Foi um longo processo de amadurecimento. No início da empresa, nós brigávamos bastante (risos). Mas o tempo nos trouxe paciência e sabedoria para estarmos unidas à frente da marca. Hoje, nossa relação de parceria aqui dentro é única e especial. Na parte criativa, eu confio muito na Fernanda; sou fã do trabalho dela, então ela tem muita liberdade e toca praticamente sozinha, com poucos pitacos meus. Acho que ela também confia em mim para as tomadas de decisões mais comerciais, que acabam ficando mais dentro do meu escopo do dia a dia.
FERNANDA: Nós procuramos dividir as áreas onde as tomadas de decisão são mais de marketing — Bianca — ou moda — eu. Mas, como a Bi falou, não tem segredo: é muita conversa, paciência e lembrar que estamos tocando o mesmo barco, com áreas de expertise complementares no nosso negócio, e isso deve sempre ser usado a nosso favor!
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