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O câncer de ovário é o mais agressivo da ginecologia: 70 a 80% das vezes, quando é descoberto, já está em fase avançada e sem possibilidade de cura. Remoção preventiva das tubas uterinas em mulheres que já encerraram vida reprodutiva é recomendada

Dr Igor Padovesi

Apesar de todas as evoluções no rastreamento de tumores, nada ainda é capaz diagnosticar precocemente o câncer de ovário e reduzir seu grau de mortalidade. “Esse é o câncer mais agressivo da ginecologia e, em sua grande maioria, se origina das células das trompas uterinas, antigamente chamadas de trompas de falópio. Essas trompas são canais que ligam o útero ao ovário e têm a finalidade reprodutiva de captar óvulo dos ovários e levá-los para serem fecundados. Portanto, já que nenhum exame de sangue ou imagem é capaz de fazer o rastreamento para diagnosticar precocemente esse tumor (diferente do papanicolau ou mamografia por exemplo, que são capazes de identificar precocemente os cânceres de colo de útero e das mamas), todas as mulheres que já encerraram a vida reprodutiva deveriam considerar a retirada das tubas uterinas, já que esse é o meio mais eficaz para prevenção ao câncer de ovário. E isso se aplica principalmente com relação à retirada oportuna, que é quando a mulher já irá passar por um procedimento cirúrgico”, explica o ginecologista Dr. Igor Padovesi, membro da North American Menopause Society (NAMS) e da International Menopause Society (IMS). Segundo os dados do INCA (Instituto Nacional de Câncer), 4.307 mulheres morreram em 2021 em virtude desse tipo de tumor agressivo. A estimativa de novos casos, segundo o instituto, é de 7.310.

A recomendação não se aplica a todas as mulheres, mas a ideia é aproveitar procedimentos cirúrgicos abdominais ou intervenções como a retirada do útero. “Já para mulheres que já tiveram câncer de mama ou tem histórico familiar de câncer de mama e ovário, é importante ter uma boa conversa com o médico ginecologista para que ele avalie individualmente a questão de acordo com as condições de saúde dessa paciente”, comenta.

Segundo o médico, desde o ano passado, essa é a recomendação da Aliança para Pesquisa do Câncer de Ovário (Ovarian Cancer Research Alliance – OCRA). “Essa diretriz substituiu o foco de décadas que era na conscientização dos sintomas e na tentativa de detecção precoce desse tipo de câncer, que hoje se sabe que é comprovadamente ineficaz. Em cerca de 70 a 80% das vezes, esse câncer é diagnosticado já em fase avançada e sem possibilidade de cura”, diz o médico. “Muitos milhares de casos podem ser prevenidos com a retiradas das trompas das mulheres quando elas não querem mais ter filhos”, diz o ginecologista. “Inclusive mulheres que vão passar por uma cirurgia pélvica ginecológica, apendicite, vesícula ou até uma cirurgia bariátrica, independentemente do risco de desenvolver o câncer de ovário (por exemplo com base no histórico familiar), podem conversar com seus médicos para considerar a retirada das trompas aproveitando o procedimento cirúrgico. A retirada das trompas não acrescenta praticamente nenhum risco nem tempo cirúrgico e pode prevenir uma doença altamente letal”, acrescenta.

Mas, em tese, o que acontece a uma mulher que retira as trompas? “Os ovários ainda têm função de produção de hormônios, porém as trompas servem exclusivamente para permitir uma gravidez natural e, por isso, faz sentido removê-las quando a mulher não deseja mais engravidar. Mas, mesmo assim, ainda é possível para a mulher engravidar, não de forma espontânea, mas com tratamento de fertilização”, explica o médico.

Fatores de risco, sintomas e tratamentos

O médico explica que a idade é um fator de risco para a doença. “A infertilidade é um fator de risco para o câncer de ovário, mas a indução da ovulação para o tratamento da infertilidade não parece aumentar o risco de desenvolver a doença. Da mesma forma, a terapia hormonal pós-menopausa não aumenta o risco de câncer de ovário”, diz o especialista. “O histórico familiar é um fator de risco importante, principalmente no caso de cânceres de ovário, colorretal e de mama, todos associados a um risco aumentado de câncer de ovário. Mutações genéticas também têm relação”, explica o médico

Silencioso, o câncer de ovário não causa sintomas específicos em seu início, mas conforme o tumor cresce, pode causar pressão, dor ou inchaço no abdômen, pelve, costas ou pernas. “Sintomas como náusea, indigestão, gases, prisão de ventre, diarreia, falta de apetite, desejo de urinar com mais frequência, cansaço constante e/ou massa palpável no abdome também são relacionados à doença. Ela pode ser tratada com cirurgia ou quimioterapia. A escolha vai depender, principalmente, do tipo histológico do tumor, do estadiamento (extensão da doença), da idade, das condições clínicas da paciente e se o tumor é inicial ou recorrente”, explica. “Idealmente a cirurgia é o procedimento inicial, mas ela está indicada apenas quando se é possível a ressecção de todo o tumor. Se a cirurgia inicial não for indicada pela impossibilidade da retirada completa do tumor, a quimioterapia é realizada antes do procedimento cirúrgico (este tipo de tratamento é chamado quimioterapia neoadjuvante)”, finaliza o médico.

*DR. IGOR PADOVESI: Médico Ginecologista, membro sênior da European Society of Aesthetic Gynecology (ESAG), da North American Menopause Society (NAMS), da International Menopause Society (IMS) e associado à Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), onde já fez parte da Diretoria de Comunicação Digital (2016-2019). É doutorando em Ginecologia pela UNIFESP, com projeto na área de cirurgias íntimas. Formado e pós-graduado pela USP, onde foi preceptor da Disciplina de Ginecologia. Ex-instrutor dos cursos de pós-graduação e outros cursos da área de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Albert Einstein e membro do corpo clínico do mesmo hospital. Criador dos projetos Menopausa ComCiência, SPMothers e fundador do Instituto de Cirurgia Íntima. Conquistou em 2024 o prêmio internacional com o 1º lugar no Congresso Mundial de Ginecologia Estética na Colômbia, com trabalhos científicos sobre ninfoplastias. Site: https://www.igorpadovesi.com.br/ | Instagram: @dr.igorpadovesi

Esse texto foi produzido pela Holding Comunicações, assessoria de imprensa especializada em saúde, beleza e bem-estar com 30 anos de experiência no setor.

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