Médica destaca a importância de uma abordagem abrangente para o tratamento da doença varicosa, que vai muito além da mera aparência estética. Em 90% dos casos de vasinhos nas pernas, existem também varizes nutridoras que não estão aparentes.
A visão sobre o tratamento de vasinhos e varizes está passando por uma transformação significativa, priorizando não apenas a estética, mas a saúde vascular como um todo. Segundo a Dra. Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, as telangiectasias, nome dado aos famosos “vasinhos”, são caracterizadas por pequenos vasos avermelhados ou arroxeados que acabam se dilatando e deixando a sua pele marcada; já as varizes propriamente ditas são as veias maiores, mais saltadas e abauladas nas pernas. “No entanto, nunca são apenas vasinhos. Em mais de 90% dos casos, esses vasinhos estão conectados a vasos maiores, que também precisam de tratamento”, destaca a médica.
Por décadas, a ideia predominante foi a de que vasinhos e varizes eram problemas meramente estéticos e que procedimentos simples podiam resolvê-los, mas a Dra. Aline Lamaita enfatiza que essa visão é apenas a “ponta do iceberg” em uma doença muito mais complexa, conhecida como doença varicosa. “A situação é tão séria que aproximadamente metade dos pacientes que têm os vasinhos visíveis na perna, se fizerem um ultrassom Doppler, descobrirão que têm um refluxo da veia safena, ou seja, uma condição que precisa de acompanhamento médico ou até de uma cirurgia”, explica a Dra. Aline.
Essas descobertas sublinham a importância de uma abordagem abrangente para o tratamento da doença varicosa. Dra. Aline destaca que a doença varicosa não é apenas uma questão de estética superficial, mas sim uma condição que afeta a saúde vascular como um todo. Comparando-a a uma infiltração na parede, ela ressalta que tratar apenas os vasinhos sem abordar as varizes nutridoras é tão ineficaz quanto pintar uma parede afetada por vazamentos não resolvidos.
Muitas vezes, as veias doentes estão conectadas a problemas de saúde. A obesidade pode ser uma doença que caminha ao lado das varizes, pois o sobrepeso acaba sobrecarregando o sistema venoso. Outra doença relacionada é o lipedema: cerca de 50% das pacientes que apresentam lipedema também têm varizes e vasinhos associados. “Essa relação cria um ciclo vicioso de agravamento das doenças: enquanto o acúmulo de gordura e a inflamação características do lipedema prejudicam a circulação e favorecem o surgimento de varizes, essa microcirculação prejudicada pelas varizes é uma das causas conhecidas de descompensação do lipedema”, explica a cirurgiã vascular Dra. Aline Lamaita.
A doença varicosa necessita ser tratada, pois ela por si só pode aumentar o risco de tromboembolismo venoso, a famosa trombose, o que é uma causa importante de morte súbita e totalmente passível de prevenção. “Além disso, a evolução natural da doença pode levar a formas mais avançadas, com déficit circulatório severo, manchas nas pernas e úlceras de difícil cicatrização”, explica a médica.
Há algumas formas de tratar as varizes e os vasinhos, como explica a Dra. Aline Lamaita: “Todas as varizes precisam ser tratadas, a intervenção cirúrgica ainda é utilizada, mas hoje existem técnicas menos invasivas com associação de laser, escleroterapia e espuma densa que vieram a substituir a grande maioria dos quadros de microcirurgia”. Hoje, com tantos tratamentos e técnicas disponíveis como ATTA (ablação térmica totalmente assistida), ClaCs (Cryo laser + cryoescleroterapia) e espuma densa, já é possível tratar praticamente todos os tipos de vasos sem cirurgia, reduzindo os longos tempos de recuperação.
Para prevenir as varizes, a Dra. Aline cita mudanças nos hábitos de vida, como a prática de atividade física, alimentação saudável, evitar tabagismo e evitar sobrepeso. “Fazer o uso de meias elásticas ou algum item para alongamento durante períodos prolongados sentado ou em pé pode ser muito útil no controle do inchaço e dos sintomas. Os cremes não substituem os tratamentos, eles ajudam no controle dos sintomas, de algumas complicações e esteticamente”, explica a médica.
Por fim, a Dra. Aline completa que a mudança de paradigma na visão que temos dos vasinhos e varizes não só simplifica os procedimentos, mas também traz benefícios significativos para os pacientes. “Com diagnósticos mais precisos e tratamentos direcionados, as visitas extensas para aplicação de escleroterapia são substituídas por intervenções mais eficazes e resultados duradouros, resultando em uma melhoria significativa na autoestima e qualidade de vida”, finaliza.
FONTE: Dra. Aline Lamaita: Cirurgiã vascular, Dra. Aline Lamaita é membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV). Membro da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia, do American College of Phlebology e do American College of Lifestyle Medicine, a médica é formada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (2000) e hoje dedica a maior parte do seu tempo à Flebologia (estudo das veias). Fez curso de Lifestyle Medicine pela Universidade de Harvard (2018) e pós-graduação em Medicina Integrativa e Longevidade saudável. A médica possui título de especialista em Cirurgia Vascular pela Associação Médica Brasileira/Conselho Federal de Medicina. RQE 26557. Instagram: @alinelamaita.vascular.
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