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Um bate-papo com Fabiana, mineira que fundou grife homônima há mais de 20 anos

Fabiana Milazzo, apaixonada por moda desde a infância, graduou-se em Moda pela Academia Italiana de Moda, Arte e Design e especializou-se em modelagem pelo Instituto Callegari, ambos na Itália. Em 2000, lançou sua própria marca, que rapidamente se destacou pelo visual único da estilista – principalmente naquilo que diz respeito a looks festivos – e já vestiu personalidades renomadas como Gisele Bündchen, Marina Ruy Barbosa, Sabrina Sato e Ivete Sangalo. Ao longo dos anos, Fabiana continua fiel às suas raízes, buscando constantemente a integração de práticas sustentáveis em seus processos e investimentos em projetos sociais.

Neste mês, a estilista apresenta em seu desfile anual a nova coleção “Waves”, inspirada pelo movimento das ondas do mar e com recortes exclusivos que traduzem esta fluidez do oceano. Buscando celebrar este momento, o GLMRM bateu um papo exclusivo com Fabiana sobre moda, carreira e suas principais inspirações.

 

A sustentabilidade é uma prioridade para sua marca, com o objetivo de alcançar um “luxo sustentável”. Como você define essa visão e quais foram os desafios mais significativos que enfrentou ao integrar práticas sustentáveis na moda de luxo?

O maior desafio tem sido encontrar matérias-primas adequadas, uma dificuldade que persiste. Para contornar isso, busco minimizar o descarte de tecidos e reaproveitar materiais, reduzindo assim o resíduo gerado. Além disso, dou grande importância às relações de trabalho e serviços envolvidos no processo, assegurando que toda a produção, 90% interna, seja realizada de forma justa e humana no Brasil.

O consumidor deve atentar para a procedência dos produtos e verificar se foram fabricados localmente, já que isso não ocorre em muitos países. Também valorizo o conceito de “sustentabilidade inclusiva”, que permite a pessoas sem acesso ao mercado de trabalho, como cuidadores de filhos ou idosos, participar do processo artesanal com uma remuneração justa.

Essa realidade afeta muitas mulheres, mas muitas delas têm conseguido reverter a situação ao se tornarem artesãs. Além disso, acredito em uma moda atemporal, focando em produtos de qualidade e durabilidade. Fico feliz ao ver clientes usando peças antigas ou ao ouvir que ainda possuem roupas minhas de 15 anos atrás, pois meu objetivo é criar peças que resistam ao tempo, eternas.

 

Você já vestiu celebridades como Gisele Bundchen, Katie Holmes, Sharon Stone e Annette Bening, entre outras, em capas de revistas e red carpets. Como esses convites chegam até você, e como você se sente ao ver seu trabalho reconhecido dessa maneira? Existe alguma personalidade que você ainda sonha em vestir?

Me sinto muito feliz e realizada com meu trabalho. É extremamente gratificante vestir pessoas e artistas que admiro por seu talento e dedicação. Gosto de tornar sonhos possíveis e trazer beleza através das roupas que crio. Quando vejo o resultado em alguém vestindo um vestido que fiz, sinto que estou realmente cumprindo meu propósito.

Os contatos com celebridades internacionais foram estabelecidos ao longo dos anos em que tive a loja em Los Angeles. Já com as nacionais, construí relacionamentos com stylists, artistas, influencers, editores e jornalistas do mundo da moda ao longo do tempo.

Quanto a quem ainda sonho em vestir, seria a Zendaya — um sonho quase impossível, mas…

 

Suas criações refletem uma visão artística e inovadora. De onde vêm suas principais inspirações, e como você se mantém sempre atualizada no dinâmico mundo da moda? Além disso, poderia nos contar sobre o projeto Renovarte e como ele transforma sobras de material em arte têxtil?

Minha maior inspiração é, e sempre foi, a natureza. Além da beleza que encontro nela, ela também me dá força e energia para colocar em prática aquilo que idealizo.

Arte, arquitetura, música — tudo isso também me inspira. Na verdade, estou sempre em constante processo de criação, com o olhar atento a tudo o que vejo. A moda é extremamente dinâmica, e estou constantemente me reinventando. Acredito que, por isso, consigo sempre inovar.

Chamei de “renovart” uma técnica que criei, na qual consigo transformar retalhos, que normalmente seriam descartados, em um novo tecido, único e exclusivo.

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