Ao falar do mercado, muito se discute sobre o business, que é imprescindível ao gerir um negócio. Porém, ao focar em apenas um âmbito, podemos acabar deixando de lado outro ponto importantíssimo: a parte criativa, que lida com estilos, coleções, concepção de produtos, além de se atualizar e adaptar para suprir as necessidades dos clientes. Pensando nisso, conversamos com Luiza Mallmann, fundadora e diretora criativa da grife de acessórios handmade de couro, Ryzí, para dividir conosco sobre seu processo criativo. Confira a entrevista que a empresária concedeu ao GLMRM:
Como é o seu processo criativo? O que acontece desde a idealização de um produto até ele chegar nas prateleiras?
Sempre falamos que todas as nossas coleções nascem em outro universo. A Ryzí é como se fosse de outro sistema dentro da nossa galáxia. Construímos o planeta Ryzí, local dos ryzíáqueos, que trazem essas ideias para o nosso mundo. Por exemplo, para esta nossa nova coleção (lançada agora em março), fomos explorar o satélite da Lua. Tudo começou com o estudo de texturas, para “reentender” os materiais que tínhamos dentro de casa. Queria testar essa textura lunar e embarcamos nessa história, levando todo o universo Ryzí para visitar a Lua. Criamos um olhar único para o nosso público entender como é a Lua pela visão da Ryzí, fazendo alusão a um mundo lúdico – fator que sempre foi nosso foco de marca: brincar com temáticas lúdicas.
Como você enxerga o lifestyle da mulher Ryzí?
Na verdade, consideramos a pessoa Ryzí. Nossa equipe reconhece que a bolsa Ryzí se adapta e traz essa atração do olhar, que as pessoas aceitam, entendem e veem. Independente de idade, gênero ou de jeito, ela olha e consegue o que quer. São pessoas que gostam de explorar, que apreciam o feito à mão e que têm um olhar diferente para o mundo. Estão abertas a coisas novas, ao design, à arte e gostam de entender, de ver e sentir parte desse mundo. Com o nosso contato próximo com essas pessoas, observamos que todas têm muita apreciação pelo que fazemos no Brasil. É muito bacana ver que, às vezes, é alguém super jovem e, às vezes, é uma pessoa mais velha. Todas elas têm essa visão da marca e conseguem se encontrar quando apreciam o produto.
Como foi a concepção dessa coleção em específico? De onde veio a ideia de “um convite para a lua”?
O processo criativo surge de vários momentos e fases. Até tem aquela brincadeira de “bloqueio criativo”, mas a mente de uma pessoa mais criativa funciona de diversas maneiras em momentos diferentes. É um consumo de referências o tempo todo, até ficar totalmente apaixonado por algo específico, que, aos poucos, vai pegando forma. Tudo que você começa a olhar e perceber parece que faz sentido naquele tema e, assim, simplesmente vai se desenvolvendo. Acredito que criar coisas seja sobre o coletivo e não sobre o individual. Tudo o que criamos na Ryzí tem que ter a característica do origami e do tridimensional, elementos presentes na essência da marca e, a partir daí, vamos explorando como isso pode se adaptar de formas diferentes. Geralmente criamos o tema e vamos pensando em diferentes formas de apresentá-lo, junto com a textura do geométrico. Parece meio louco, mas, por exemplo, nessa última coleção, tivemos a ideia de uma bolsa que fosse uma estrela moldável. No fim, é como se ela realmente se transformasse em dois formatos diferentes. Após esse processo, entramos na questão de concepção de campanha, para que as fotos e imagens também consigam contar essa história. Não só apresentação do produto em si, mas também o ambiente lúdico e imaginário que agrega. Todo o processo é muito criativo e trazemos essa tradição de não ter medo de explorar esse lado. A moda não precisa ser básica. Não importa se a bolsa for de um tom neutro, incluímos a estética lúdica na construção dos shapes para mostrar essa identidade forte e única.
Fotos: Debora Spanhol
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