Toda vez que questiono, mesmo que por um segundo, a decisão que tomei de me mudar de país, imediatamente lembro da sensação que tive assim que pisei em Paris.
Apesar dos medos e inseguranças, senti, mais do que nunca, uma certeza. Senti aquela magia inexplicável do recomeço, a sensação única que as primeiras vezes nos proporcionam. Nunca olhamos para algo da mesma forma como olhamos da primeira vez, com aquela curiosidade, atenção e dedicação exclusivas que o primeiro contato nos proporciona.
Eu vim começar tudo de novo, e há algo de muito bonito em começar uma nova vida, porque na vida antiga eu já tinha meus lugares preferidos, minhas comidas preferidas, meus caminhos preferidos e por aí vai.
O mistério da nova vida é que tudo é uma página em branco. Lembro que antes de vir, uma amiga me disse: “Já parou para pensar que você nem conhece suas novas melhores amigas ainda?” Uma outra me escreveu no dia da minha vinda: “Vai se permitir caminhar sem destino e sonhar em francês”. E é isso mesmo. Tenho descoberto aqui todos os dias, ainda meio sem rumo, quais são as minhas novas coisas preferidas. Apesar de ser um processo que demora, sabemos exatamente quando estamos onde deveríamos estar.
Paris tem algo especial. Parece que as coisas são eternizadas aqui, tanta arte, tanta história preservada. Ao viver aqui, parece que fazemos parte desse para sempre. Pensar nisso me faz lembrar uma frase de Hemingway: “Se você tiver tido a sorte de viver em Paris na juventude, a cidade permanecerá para sempre em você, aonde quer que vá, pois Paris é uma festa em movimento”.
Ele conseguiu traduzir exatamente o que sinto, mesmo em pouco tempo morando aqui. Me parece impossível voltar a ser a mesma pessoa que eu era antes de ter vivido o que estou vivendo agora. Acredito que poucas vezes na vida temos a oportunidade de viver um verdadeiro recomeço assim, ainda mais um que faça tanto sentido.
Quem me acompanha no Instagram deve ter visto que Paris também foi responsável por realizar um dos meus grandes sonhos recentemente: conhecer o cantor preferido do meu pai, Nando Reis. Mesmo com tantas vezes que torci para conhecê-lo no Brasil, foi ainda mais especial do que eu imaginava. Parece que quando tomamos a coragem necessária para ir atrás do que desejamos, a vida dá um jeito de nos recompensar.
Acho que talvez ainda melhor do que viver algo pela primeira vez seja encarar quase tudo na vida como se fosse a primeira vez. Uma amiga também me escreveu: “Que seu olho brilhe a cada esquina que você passar no caminho para sua universidade.” Repito essa frase na minha cabeça todos os dias, porque, de fato, quando criamos uma rotina, tendemos a nos acostumar com ela e viver no “automático”. Quando, na verdade, quase sempre haverá algo para nos encantar no caminho.
Talvez a vida não seja constantemente um máximo, mas meu desejo hoje é que você ainda viva muitas mágicas primeiras vezes. Escolha o que te encanta e as coisas darão um jeito de te surpreender.
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