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Faz um tempo que estou querendo dedicar um texto da minha coluna aos meus amigos. Nos últimos anos, vivi uma porção de coisas que não teria conseguido sem eles.

Ao longo da vida, a gente passa a dar prioridade pro trabalho, pros estudos, pros namoros, e às vezes esquece que os amigos, junto com a nossa família, foram os primeiros a nos ensinar muita coisa. Quando somos crianças, nossos amigos são um dos temas principais de nossas vidas. Chegamos em casa e adoramos contar para os nossos pais quem são nossos melhores amigos e porque eles são nossos melhores amigos. Lembro de uma lição de casa quando ainda era muito pequena que precisava desenhar “as coisas mais importantes da minha vida”, e eu escolhi, dentre outras coisas, desenhar a Alice, minha melhor amiga de infância.

A verdade é que os amigos nos ensinam muito sobre o amor. Nos ensinam sobre reciprocidade, sobre permanecer quando é mais fácil ir embora, sobre continuar amando mesmo quando estamos em fases tão diferentes da vida.

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Uma vez, uma amiga me disse: “se quiser me ligar só para chorar e não falar nada, estou à disposição”. Amizade é isso. É ouvir o silêncio e ouvir também o amigo repetindo o mesmo assunto pela vigésima vez. É às vezes mandar mensagem todo dia e às vezes mandar mensagem depois de meses falando um “lembrei de você”. É às vezes querer saber tudo sobre a vida do seu amigo e em outros momentos tolerar o não saber.

Recentemente, vi um tweet que dizia algo como: “um amigo valioso é aquele que enfrenta conosco a realidade da nossa impotência”, e é verdade. Mas, acho que o contrário também é verdadeiro: o amigo que ressalta toda a nossa potência.

Uma vez, vi uma frase no Instagram @umcartao que guardei para sempre: “Quando alguém que a gente gosta brilha, a gente brilha junto”. Ela faz muito sentido pra mim porque perdi a conta de quantas vezes chorei de emoção com a felicidade dos meus amigos. E por mais que ter um bom amigo para dividir nossas dores e nossas impotências seja essencial, sinto que cada vez mais vivemos em um mundo onde é muito difícil ver alguém genuinamente feliz com a felicidade do outro. Então, saber que tem alguém que almeja tanto as suas conquistas quanto você é incrível.

Esses dias, recebi uma mensagem que me fez sentir isso. Uma das minhas melhores amigas, daquelas que esteve presente em absolutamente tudo que precisei, me mandou um áudio aos prantos. No primeiro momento, fiquei assustada achando que tinha acontecido algo muito grave. Para minha surpresa, ela estava chorando de felicidade de ver fotos do que eu estava fazendo aqui em Paris. Obviamente, me emocionei junto e não sabia nem por onde começar a agradecer.

Inclusive, foi com essa amiga que escutei uma vez na estrada o meu episódio preferido do podcast “Bom dia, Obvious” – onde a convidada era a Samantha Almeida. Nele, a Sarah usava uma expressão, que dá nome ao episódio: “Joga pra sua torcida”. Ela explicava que sempre vai ter alguém torcendo por nós, e que quando ela se vê em uma situação de medo ou insegurança, pensa nessa torcida. Internalizei tanto isso, que antes de vir morar fora falei para os meus amigos: com uma torcida dessas, sei que não tem como dar errado. E espero verdadeiramente que eles saibam, que assim como estiveram na minha torcida, eu vou estar sempre na primeira fila da deles.

Como disse Mônica Martelli no documentário sobre o Paulo Gustavo: “tem pessoas na vida que a gente só esbarra, mas tem pessoas que a gente encontra”. Me sinto privilegiada de ter tido tantos encontros nessa vida, porque devo muito do que sou aos amigos que me proporcionaram tais encontros.

Por fim, lembro que uma vez ouvi que a amizade é o amor que nunca morre. Será mesmo? Acho que não. Mas, talvez, seja o tipo de amor mais improvável de morrer.

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