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Devaneio místico, contemplação religiosa, êxtase meditativo, embriaguez colorida… É difícil encontrar uma palavra para descrever as obras de Mark Rothko. Elas se impõem por si mesmas e nos absorvem completamente. O olhar é capturado pelos grandes blocos de cor, sem que seja possível identificar claramente a emoção visual criada pela pincelada do pintor americano.

Após visitar, na semana passada, a exposição Mark Rothko, que fica em cartaz até 2 de abril, deixo aqui 7 curiosidades que você precisa saber sobre aquele que foi um dos artistas emblemáticos do século XX, símbolo do expressionismo abstrato.

#1 Mark Rothko não era seu nome verdadeiro

Após os pogroms e a emigração, com estudos interrompidos em Yale, onde sua religião o colocava à margem, Rothko não escapou do antissemitismo. Apesar de seu desempenho escolar brilhante e de sua integração à sociedade americana desde que chegou aos dez anos, ele teve que esperar até 1938 para ser naturalizado, em grande parte devido à desconfiança das autoridades em relação aos imigrantes judeus europeus. Além disso, o nome artístico que ele adota visa precisamente apagar suas origens hebraicas: enquanto os Estados Unidos permanecem neutros no início da Segunda Guerra Mundial, o nazismo está se espalhando. Marcus Rotkovitch oficialmente se torna Mark Rothko em janeiro de 1940. Um nome que soa americano e que entrará para a história.

 

#2 Rothko foi professor de crianças

Depois de uma breve passagem por Yale, Rothko se estabeleceu em Nova York em 1923 para se tornar um artista. Ele teve uma carreira respeitável como pintor figurativo, com sua primeira exposição individual em 1938. Seu estilo na época era inspirado por Cézanne, seu professor Hans Hofmann e seu outro mentor, o cubista americano Max Weber, antes de evoluir para o surrealismo. Sempre inclinado ao estudo e à transmissão, Rothko também trabalhou como professor de desenho, lecionando para crianças no Jewish Center de Brooklyn a partir de 1929. Era uma atividade que ele apreciava, permanecendo nela até 1952, mesmo quando já poderia viver de sua arte.

 

#3 Ele é um membro proeminente da Color Field paiting

Foi Clément Greenberg quem primeiro identificou o movimento da pintura Color Field paiting, uma ramificação da arte abstrata que significa literalmente “pintura de campos de cor”. No entanto, Mark Rothko rejeitava qualquer rótulo que considerasse “alienante”. Para ele, a cor era apenas “o instrumento” de uma criação mais importante.

 

#4 87 milhões de dólares

Este foi o preço alcançado pela obra “Orange, Red, Yellow” (1961) em um leilão em maio de 2012.

 

#5 Ele não suportava a proximidade de outras telas

Rothko é exigente na apresentação de suas telas gigantes, recusando que sejam perturbadas pela vizinhança de obras de outros artistas ou mesmo pela presença demasiado forte das paredes de fundo, preferindo, por exemplo, que sejam penduradas muito baixas, quase ao nível do solo. O artista fica satisfeito quando, em 1960, o colecionador Duncan Phillips dedica a ele uma “Sala Rothko”, um conjunto de salas dedicadas às suas obras dentro da Phillips Collection. Um espaço que Rothko aprecia como uma “capela” e que antecede a “Capela Rothko”, inaugurada um ano após a morte do artista em Houston, Texas, em 1971.

 

#6 Mark Rothko se via como um “fabricante de mitos”

“A ausência de mito não pode privar o homem do desejo de ato heroico”, como escreve Mark Rothko em A Realidade do Artista (publicado em 2004 por seu filho Christopher Rothko, a partir de um manuscrito dos anos 1940). Em sua longa jornada em direção à abstração e até a adoção de uma pintura puramente não figurativa em 1949, Rothko busca preencher o vazio espiritual deixado pelos avanços científicos. O artista se apaixona pela mitologia, mas também pela tragédia grega, e ainda mais pela interpretação que Nietzsche faz dela em A Visão Dionisíaca do Mundo – um dos livros de cabeceira de Rothko. Por trás das praias luminosas de suas grandes composições, será que devemos ver reminiscências do sol de Apolo?

#7 Um aneurisma que o impediu de pintar grandes formatos o levou ao suicídio

Rothko tirou a própria vida em 1970 em Nova York. À pergunta “Por que ele se suicidou?”, um de seus amigos, John Hurt Fischer, responde: “Ouvi diversas explicações: ele estava com a saúde debilitada, não produzia nada há seis meses, sentia-se rejeitado por um mundo da arte cujos gostos efêmeros haviam se voltado para pintores mais jovens e inferiores. Talvez haja um pouco de tudo isso; eu não sei. Mas minha intuição é que sua antiga raiva foi uma dessas causas. Pois era a raiva justificada de um homem que se via predestinado a pintar templos e via que suas telas eram consideradas apenas como mercadorias vulgares”.

Para explorar a exposição de uma maneira única, a Fondation Louis Vuitton convida para uma visita noturna musical na sexta-feira, 1 de dezembro.

Aqui mais algumas obras:

Fotos: Arquivo pessoal Mario Kaneski

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