Taylor Swift lidera as bilheterias nos estádios e na telona: Afinal, o que é que a americana tem?

Em cartaz desde sexta-feira (13), o novo filme-concerto de Taylor Swift deverá quebrar alguns recordes ao longo desse domingo (11). Intitulada “Taylor Swift: The Eras Tour – O Filme“, a produção estreou liderando as vendas de ingressos nos Estados Unidos, com US$ 39 milhões (R$ 196,9 milhões) arrecadados apenas em seu primeiro dia nas bilheterias do país.

Estimativas preliminares da AMC Theatres, citadas pela revista The Hollywood Reporter, indicam que o hit cinematográfico deverá terminar seu primeiro fim de semana em exibição na telona com pelo menos US$ 90 milhões (R$ 454,5 milhões) em caixa só nos EUA, podendo chegar aos US$ 150 milhões (R$ 757,5 milhões), e mais ou menos os valores equivalentes no mercado internacional.

Atualização em 17/10/2023, às 01h08: Os números oficiais da bilheteria total arrecadada por ‘The Eras Tour – O Filme’ foram divulgados nesta segunda-feira (16). Segundo o site Deadline.com, o filme-concerto de Taylor Swift arrecadou US$ 92,8 milhões (R$ 467,7 milhões) em vendas de ingressos entre a última sexta-feira (13) e domingo (15). Esse valor é referente ao mercado doméstico norte-americano, que engloba Estados Unidos, Canadá e Porto Rico, e abrange um total de 3.855 salas de cinema onde o longa está sendo exibido. Em cartaz desde sexta-feira, ‘The Eras…’ teve seu pico de arrecadação no dia do lançamento, com US$ 37,5 milhões (R$ 189 milhões).

As receitas de sábado e domingo somaram US$ 32 milhões (R$ 161,3 milhões) e US$ 23,3 milhões (R$ 117,4 milhões), respectivamente. No mercado internacional, o filme gerou um faturamento de US$ 30,7 milhões (R$ 154,7 milhões), em 4.527 salas de 94 territórios. No total, considerando os dois mercados, ‘The Eras…’ somou US$ 123,5 milhões (R$ 622,4 milhões) em bilhetes vendidos. Esse valor ficou abaixo dos US$ 130 milhões (R$ 655,2 milhões) estimados ainda no domingo, em prévias desses números. Na ocasião, a renda atribuída ao mercado doméstico também foi maior do que a oficial, então estimada em US$ 96 milhões (R$ 483,8 milhões).

É importante entender que as cifras divulgadas aos domingos são apenas estimativas. Essas são reportadas geralmente entre 9 e 10 horas da manhã no horário do Pacífico e refletem as receitas de bilheteria de sexta e sábado, acrescidas de uma projeção para o domingo. Esses números são apenas indicativos e sujeitos a ajustes. Os resultados oficiais das bilheterias de fins de semana são reportados pelos distribuidores dos filmes à Motion Picture Association of America (MPAA). A MPAA, por sua vez, realiza uma auditoria desses dados e, em seguida, os divulga para a imprensa, tornando-os oficiais. Dessa forma, os números divulgados nessa segunda-feira (16) são os dados auditados e finais para o período.

Tecnicamente, “The Eras…” se tornou o filme-concerto de maior faturamento da história, figurando desde antes da estreia acima de “Justin Bieber: Nunca Diga Nunca“, que faturou US$ 99 milhões (R$ 499,9 milhões) em 2011 – abaixo do total de US$ 100 milhões (R$ 505 milhões) atracados por “The Eras…” com a pré-vendagem de bilhetes – porém não levando em conta a inflação.

Provavelmente a conta nem será necessária, uma vez que a geração de receitas diária do último sucesso de Swift sugere o recorde iminente. E existem outros no horizonte: “The Eras…” tem tudo para desbancar nas próximas horas “Coringa”, como o filme com melhor performance financeira em seu fim de semana de lançamento, considerando somente o mercado americano no mês de outubro. O blockbuster de 2011, lançado no começo de outubro daquele ano, levantou US$ 96,2 milhões (R$ 485,8 milhões) entre sua primeira sexta-feira e o domingo seguinte em exibição.

Há um outro recorde que Swift pode quebrar com “The Eras…”, mas não tão rapidamente. Se o longa que é meio musical, meio documentário; é estrelado pela cantora de 33 anos, que assina ainda sua trilha sonora e foi produzido pela produtora dela, a Taylor Swift Productions, tiver receitas maiores que a de US$ 261 milhões (R$ 1,32 bilhão) de “Michael Jackson’s This Is It“, de 2009 e um tributo ao cantor morto no mesmo ano, que graças à cifra é o documentário de maior bilheteria de todos os tempos, ela tirará até esse título póstumo do falecido rei do pop.

Na quinta-feira (12), “The Eras…” vendeu mais ingressos antecipados em um único dia como nunca nos 103 anos de existência da AMC Theatres, alcançando a cifra de US$ 26 milhões (R$ 131,3 milhões) em 24 horas. O suficiente para cobrir os custos de filmagens da fita, na casa dos US$ 20 milhões (R$ 101 milhões).

Swift marcou presença na première de “The Eras…”, que aconteceu na última quarta-feira (11), no shopping-center The Grove, o mais luxuoso de Los Angeles. Na ocasião, a popstar fez um discurso de três minutos e agradeceu à sua banda, dançarinos e, claro, aos Swifties, apelido que a mídia americana deu aos fãs dela.

“Sempre me diverti fazendo o que faço. E ainda não acredito que posso fazer da música minha carreira. Isso, para mim, é incrível!”, disse Swift. “Nunca me diverti tanto na vida quanto tenho me divertido agora. É, de longe, a experiência mais eletrizante da minha vida”.

O impacto econômico e cultural da ‘Geração Swift’

Há tempos, especialistas de todos os campos estão atentos a tudo relacionado a Swift. Todos, é claro, perceberam que a influência da intérprete de “Look What You Made Me Do” vai muito além da indústria do entretenimento. Esse é o caso particular dos analistas de mercado, navegando em um oceano onde o horizonte visível é tão repleto de oportunidades quanto de desafios, enxergam nela uma bússola.

E essa turma de estrelados do universo das finanças previu lá atrás que a “The Eras Tour“, a turnê global de Swift, provavelmente iria atingir ou superar o total de US$ 1 bilhão (R$ 5,05 bilhões) no começo de 2024. Isso com sua principal atração ainda na estrada. A projeção feita há meses não apenas faz ainda mais sentido nesse momento, como também pode ter sido ainda conservadora: até aqui a receita contabilizada soma US$ 780 milhões (R$ 3,94 bilhões), o que torna mais provável que a estimativa bilionária seja atingida ainda em 2023.

E se acontecer de ser mesmo, “The Eras Tour” entrará na história da música como a turnê de maior faturamento, superando a de despedida dos palcos de Elton John, que começou em setembro de 2018 e foi concluída em julho, e é a que detém o atual recorde de US$ 887 milhões (R$ 4,48 bilhões).

A “The Eras Tour” ainda tem muito chão pela frente até seu encerramento, em novembro de 2024, em Toronto. Projeções mais atuais de sua arrecadação sugerem cifras ainda mais bilionárias. Uma pesquisa encomendada pela CNN à QuestionPro, uma consultoria americana independente de análises de mercado, o valor bruto estimado de US$ 2,2 bilhões (R$ 11,1 bilhões) foi considerado como a renda final mais provável, conforme divulgado pela rede americana de televisão em meados de agosto.

No mesmo levantamento, a QuestionPro ilustrou o potencial impacto de um resultado como esse poderia ter na economia dos EUA. Em sua análise, a consultoria calculou que “The Eras Tour”, assim que concluída, terá catalisado cerca de US$ 5 bilhões (R$ 25,2 bilhões) em despesas dos consumidores no país. “Se Taylor Swift fosse um país, ela seria maior do que 50 países”, Dan Fleetwood, presidente da QuestionPro, explicou. Parece um exagero? A resposta para isso remete à noite de estreia da turnê, a quinta de Swift, em Glendale, no estado americano do Arizona.

O show que marcou o pontapé inicial de Swift rumo ao primeiro bilhão gerou mais receita para os negócios locais do que o último Super Bowl, que nesse ano aconteceu na cidade americana, e no mesmo estádio, em fevereiro. Para fazer uma comparação, é como se Swift estivesse fazendo o equivalente a dois ou três Super Bowls a cada final desde então.

Igualmente longe de hipérbole foi a declaração do governador de Illinois, o democrata J.B. Pritzker, quando creditou Swift por ter revigorado a indústria turística do estado durante uma passagem de apenas três dias por Chicago, a maior cidade de Illinois. A menção do político resultou em uma menção ao nome dela em um relatório do Fed, porém no documento sendo creditada por impulsionar a indústria turística nacional. E não foi exagero.

O estudo de um case de sucessos seguidos

Recentemente, um jornal centenário dos EUA publicou um anúncio de emprego para um repórter especializado em… Taylor Swift! A busca, na verdade, era por um jornalista experiente e, de preferência, mais alinhado aos hábitos dos leitores mais jovens da atualidade e antenado o suficiente para criar conteúdos a fim de “capturar o impacto musical e cultural de Taylor Swift”. Resumindo, o profissional ideal iria assumir a seção de economia do diário, informando com a mesma profundidade de uma seção econômica tradicional, mas mudando a linguagem e o ponto de vista.

Não foi a primeira vez que Swift se tornou foco de trabalhos profissionais e acadêmicos. Em 2022, o Clive Davis Institute of Recorded Music da New York University anunciou a abertura das matrículas para um curso focado na cantora, ministrado por Brittany Spanos, editora da revista Rolling Stone. A instituição educacional também concedeu a Swift um doutorado em Belas Artes, honoris causa, como “uma das artistas mais prolíficas e celebradas de sua geração”.

Outras universidades ao redor do mundo também lançaram seus próprios cursos dedicados ao estudo ‘do fenômeno Taylor Swift’, incluindo “The Psychology of Taylor Swift” (“A Psicologia de Taylor Swift”), da Arizona State University; “The Taylor Swift Songbook” (“O Cancioneiro de Taylor Swift”), da The University of Texas at Austion; e “Literature: Taylor’s Vision” (“Literatura: Versão da Taylor”), da Ghent University, uma das mais renomadas universidades da Bélgica.

Embora músicos e celebridades tenham sido objeto de fascinação por décadas, não é comum que recebam tanta atenção individualizada – e quando ainda estão na ativa. A popularidade de Swift está no auge, e seria fácil descartar esse frenesi como uma moda passageira. Mas se é verdade que os números (e as cifras!) nunca mentem, basta somar dois mais dois para perceber que ela veio para ficar e merece atenção.

*

Dá um play no vídeo aí embaixo pra conferir o trailer de “The Eras Tour – The Film” [ÁUDIO EM INGLÊS]: