Esses dias me peguei pensando: você já teve medo de esquecer alguém?
Não sei se você já passou por isso, mas quando a gente perde alguém amado, o tempo passa e parece que a gente está cada vez mais distante de tudo que vivemos com a pessoa. Está cada vez mais longe da última vez que ouvimos a voz, a risada, da última vez que vimos ela fazendo algo que era a marca registrada dela.
A verdade é que os anos vão passando e a gente começa a “contar” o tempo tendo como referência a partida da pessoa. Às vezes me pego pensando que, em algum momento, terei vivido mais tempo sem o meu pai do que com o meu pai. Dá um medo de esquecer a pessoa… Esquecer da voz, da risada, das manias.
Mas aí lembrei da música da Rita Lee que fala: “têm pessoas que a gente não esquece nem se esquecer”. E acho que é isso mesmo, tem gente que se eterniza através das memórias.
Eu costumo dizer que até hoje tem pessoas que conhecem meu pai pela primeira vez. Porque são as lembranças do meu pai que me fazem seguir, me fazem ser alguém melhor, me fazem ser quem eu sou.
Se você já me pediu um conselho, eu provavelmente passei por um “meu pai me dizia”. Acho que esse é o poder das pessoas eternas. Terem deixado ensinamentos para uma vida toda, mesmo que a delas tenha sido tão curta. Afinal, ouvi uma vez que não importa a quantidade de dias na sua vida, o que importa mesmo é a quantidade de vida nos seus dias.
Domingo é Dia dos Pais e eu estava aqui refletindo: pai é engraçado, né. Eles custam a acreditar que crescemos, mas no fundo torcem todos os dias para que a gente cresça mesmo.
O meu pai, inclusive, ainda me chamava de bebê mas dizia que me criou para que em algum momento eu pudesse alçar voos tão altos, que ele olhasse pra trás e tivesse a certeza de que eu fui mais longe que ele. E eu brincava que o longe era relativo, o que importava mesmo é que eu pudesse voltar pro colo dele quando precisasse.
Não sei se os voos têm sido altos como ele imaginava e não sei se o colo tem sido como eu gostaria. Mas, viver momentos especiais com o nosso pai é ter a certeza de que teremos eternamente um arsenal de memórias mágicas a serem revisitadas.
Então, aos que estão aqui, aos que não estão, aos tios/padrinhos/ mães que fizeram esse papel, às memórias que eles criaram e às memórias que ainda vão criar: feliz Dia dos Pais!
E ao meu, que dentro de mim está mais vivo do que nunca, espero que esteja aí junto da Rita escutando um “de você não esqueço jamais”. (Espero que assim como eu vocês tenham lido no ritmo da música).
- Neste artigo:
- Dia dos Pais,
- Julia Xavier,