Entre as inúmeras mudanças causadas pela pandemia de COVID-19, uma das mais intrigantes é aquela que resultou na “morte” do open plan, o estilo de construção mais usado em residências de alto padrão e que consiste em ambientes interligados porém pouco delimitados, resultando em uma quase ausência de paredes. Em alta desde o começo dos anos 1980, época em que os prédios abandonados da então pouco prestigiada região de Nova York que hoje concentra os bairros TriBeca, SoHo, Chelsea e NoMad, repleta de prédios industriais que aos poucos foram convertidos em lofts desejadíssimos e notórios justamente pela ausência de divisórias, o conceito arquitetônico parece ter se tornado coisa de estações passadas.
Isso em razão da quarentena, que forçou muitas famílias cujos pais, mães e filhos mal se viam ao mesmo tempo a dividirem o mesmo teto – um teto de plano aberto que, por não ter divisões entre os ambientes, tirou deles a privacidade. Tão logo a crise do novo coronavírus chegou ao fim, nos escritórios de arquitetura dos Estados Unidos um dos serviços mais buscados no ano passado foi a reinclusão de paredes nas plantas das casas de lá, a fim de permitir que os moradores recuperem a individualidade perdida.
Arquitetos americanos também têm notado que, de maneira geral, as pessoas que vivem no país estão mais interessadas em residências que tenham apenas os espaços que lhes são úteis, com muitas delas optando por transformar as salas de jantar formais, que raramente usavam, por exemplo, em partes de suas cozinhas. Resta saber se o efeito à lá “cada um no seu quadrado” vai se espalhar por aqui também.