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Erasmo Carlos
Reprodução/Instagram

Um dos inventores da Jovem Guarda, movimento musical que lançou grandes nomes da música brasileira nos anos 1960, Erasmo Carlos morreu nesta terça (22), aos 81 anos. Erasmo estava internado em estado grave no Hospital Barra Do’r, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, onde já havia passado nove dias internado no início do mês com quadro de edema. O motivo da morte ainda não foi divulgado.

A assessoria de imprensa do cantor havia informado na época que a internação foi por precaução. Nas redes sociais, Erasmo postou uma mensagem bem humorada brincando a respeito de boatos sobre sua morte.

“Bem simbólico… depois de me matarem no dia 30, ressuscitei no Dia de Finados e tive alta do hospital! Obrigado a Deus, a todos que cuidaram de mim, rezaram por mim e se torceram pela minha recuperação… Essa foto com a Fernanda traduz como estamos felizes”, postou em uma foto com a mulher, a pedagoga Fernanda Passos.

A agenda de shows do cantor, que previa apresentações nos Estados Unidos, teve de ser adiada. No último dia 17, Erasmo ganhou o Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Rock ou Música Alternativa em Língua Portuguesa, com “O Futuro Pertence a… Jovem Guarda”, lançado em fevereiro.

“É tão importante entender o conceito, quanto ouvir a música… Existem várias formas de amor, e eu preciso de todas. Obrigado a todos que contribuíram para mais essa vitória”, escreveu nas redes sociais.

Erasmo Carlos
Foto: Reprodução/Mumu Silva

Trajetória

Carioca da Tijuca, na Zona Norte do Rio de Janeiro, Erasmo Esteves cresceu cercado por ritmos que influenciaram sua identidade musical. Amigo de Tim Maia desde a infância, com quem aprendeu a tocar violão, era fã de rock and roll e de Elvis Presley. Já adolescente, sua personalidade se destacou entre os fãs de rock e bossa nova que se reunia no famoso Bar Divino. Tim Maia e Jorge Ben faziam parte dessa turma.

Por meio de um amigo comum, conheceu seu principal parceiro musical e “amigo de fé”, Roberto Carlos, durante um show de Bill Haley no ginásio do Maracanãzinho. A visão do herói do rock americano em solo brasileiro abriu a mente de Erasmo, que montou a primeira banda de rock. The Snakes era formada por dissidentes de outro grupo, os Sputniks, que haviam se separado após uma brida de dois de seus integrantes, Roberto e Tim Maia.

O grupo chegou a acompanhar Roberto e Tim Maia em seus shows. O primeiro disco “Só Twist”, foi gravado em 1961, mas, sem alcançar sucesso, o grupo também acabou se desfazendo. Sem a banda, Erasmo trabalhou como assistente do apresentador e produtor Carlos Imperial, que o incentivou a se tornar crooner do grupo Renato & Seus Blue Caps, em 1962, com o qual lançaria um disco.

Não muito depois, os Blue Caps acompanhariam o próprio Roberto Carlos na gravação de “Splish Splash”, numa versão para o português feita por Erasmo. O sucesso do disco garantiu não só a contratação de Renato & Seus Blue Caps pela gravadora CBS, como também o nascimento da lendária parceria entre Roberto e Erasmo, que produziu mais de 200 músicas, muitos hits na voz dos dois.

Jovem Guarda e iê-iê-iê

O pop rock brasileiro, que começara com o rock´n´roll dos anos 50 e havia passado pelo twist do início dos anos 60, chegava ao iê-iê-iê em 1964 como um reflexo comportamental local à beatlemania. A Jovem Guarda agrupou as influências do pop britânico e ganhou popularidade definitiva a partir de setembro de 1965, quando a TV Record estreou o programa Jovem Guarda.

Apresentado por Roberto, Erasmo e Wanderléa em São Paulo por três anos seguidos, o programa deu visibilidade para que Erasmo e Roberto se tornassem os principais nomes e também compositores da Jovem Guarda. Com o fim do programa e a carreira solo em ascensão dos integrantes da Jovem Guarda, Erasmo mergulhou ainda mais na bossa e na MPB, das quais já vinha participando à distância compondo para parceiros e participando de festivais de música.

Ao longo dos anos, Erasmo passeou pelos diversos ritmos e firmou parcerias com grandes nomes da MPB, como Chico Buarque, Zeca Pagodinho, Skank, Lulu Santos, Los Hermanos, Djavan, Adriana Calcanhotto, Marisa Monte, Frejat e Milton Nascimento.

A trajetória do “Tremendão”, como era conhecido, ganhou as telas do cinema em 2019, no longa de Lui Farias. Erasmo foi vivido por Chay Suede, enquanto Gabriel Leone interpretou Roberto Carlos.

Erasmo deixa a esposa e três filhos.

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