Ao longo das sete décadas e 214 dias durante os quais foi rainha, Elizabeth II sempre reservou um momento em sua atribulada agenda de compromissos para colocar seus pensamentos no papel. E muito antes de sua morte nessa quinta-feira, aos 96 anos, esses diários da monarca estão sendo analisados com lupa por historiadores e representantes da família real britânica, todos em busca de qualquer escrito que, uma vez revelado ao público, possa gerar um escândalo.
A mãe do agora Charles III teve o hábito de escrever um resumo de cada dia que viveu em seu em diário, que até o começo do trabalho de pesquisa, que começou em março, só foi mostrado por sua autora a uma única pessoa: o príncipe Philip, marido dela, morto no ano passado, aos 99 anos.
Suspeita-se que Elizabeth II, alguém que redefiniu o conceito da discrição, usava a palavra escrita justamente para “desabafar” o que sua posição não lhe permitia dizer ou opinar sobre seja lá o que tenha sido, e é aí que entra a importação da revisão dessas anotações que podem conter muitos segredos.
Caberá daqui pra frente a Charles III decidir o que fazer com o material histórico, que pelas regras próprias dos britânicos são documento históricos que os líderes são obrigados a lhes mostrar. O novo rei, no entanto, tem a prerrogativa para colocar esses papeis em quarentena, e portanto proibidos de serem revelados por décadas, caso assim ache melhor. Mas isso poderia afetar a credibilidade do chefe de Estado, que nunca foi o “royal” favorito de seus súditos, possivelmente tornando-se a primeira bomba-relógio de seu reinado.