Uma nova voz feminina, mais fresh e descolada, se destacou nas transmissões dos Jogos Olímpicos de Tóquio na TV. Nada daqueles discursos melodramáticos de superação, clássicos das coberturas esportivas. Por essas e outras, a presença de Karen Jonz logo virou notícia. Dona de uma espontaneidade rara, a skatista de papo reto, convidada para comentar as competições do esporte que este ano se tornou categoria olímpica, roubou a cena. Tiradas divertidas como “botou a xereca na mesa”, “esse obstáculo redondo a gente chama de teta. Parece uma bunda, mas a gente chama de teta”, fizeram a diferença. “Tive que me segurar na transmissão porque falo muito palavrão”, conta.
Aos 37 anos, Karen é tetracampeã mundial de skate, responsável pelo primeiro ouro brasileiro feminino nos X Games, e se tornou uma espécie de ativista em prol da representatividade feminina no esporte: “Decidi ensinar mulheres mais velhas a andar de skate e anunciei nas minhas redes sociais. Levei alguns skates que tinha em casa, equipamentos de segurança, e apareceu um monte de garotas, muito mais do que eu imaginava”, conta. “Esse projeto cresceu tanto que tive que contratar um outro professor para ajudar. Disponibilizava meu tempo, pagava esse professor do meu bolso, era um trabalho voluntário, mas me deixava muito feliz. Era recompensador ver essas mulheres superando seus medos. Tivemos que parar por causa da pandemia, mas quero retomar em breve.”
Porém, não só de skate vive essa santista. Ela também é artista, musicista e youtuber. Casada com Lucas Silveira, da banda Fresno, e mãe de Sky, de 5 anos, Karen está prestes a lançar seu primeiro álbum como cantora e compositora. “Sempre toquei muitos instrumentos e compunha minhas músicas. Anos atrás, eu tinha uma banda que se chamava Violeta Ping-Pong (risos). Recentemente comecei a produzir mais, a me gravar. No ano passado lancei um EP e, em novembro, sai meu primeiro álbum”, conta.
E o que podemos esperar desse disco? “Todas as composições são minhas. As letras falam sobre relacionamentos, decepções, sentimentos de modo geral. Mas tem alguns momentos alegres também. É um mix de indie eletrônico, meio rock, com bateria gravada. É bem diferente. Não vi nenhum artista fazendo algo parecido no Brasil”, diz ela, que tem como referências gringas Imogen Heap, The Japanese House, Alanis Morissette, Hole e The Corrs. “Vão rolar feats com artistas que têm um som que conversa com o meu. Espero que dê tudo certo.” Alguém duvida?
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