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Quando pensamos no mundo do surfe – sobretudo quem não faz parte dele –, logo vem à cabeça as praias do Havaí e da Califórnia. É inevitável. Imagens do estilo de vida dos surfistas exibidas pelo cinema os mostram determinados, sempre atrás da onda perfeita. As fotos que passam pelos nossos olhos e prendem nossa atenção dão conta da grande comunhão que desfrutam com o mar. Mas, o que realmente sabemos desse mundo paradisíaco?


Origem

Imagem de havaiano na praia de Waikiki, O’ahu, no fim do século 19, segurando sua alaia – prancha de madeira sem quilhas -, é considerada a primeira fotografia de um surfista da história

O surgimento do surfe remete aos povos peruanos e polinésios, das ilhas do Pacífico. Estudos mostram que pescadores que habitavam a região do Peru há mais de quatro mil anos, utilizavam uma espécie de prancha, chamada ‘caballito de totora’, confeccionada de junco, para pescar caranguejos e peixes que ficavam próximos à arrebentação e, assim, acabavam pescando e deslizando sobre as ondas. Mas a origem da arte de surfar é atribuída aos polinésios, principalmente da região do Havaí. Para eles, que foram criados à beira-mar, tal prática fazia parte da cultura e era considerado um esporte nobre. Os chefes, isto é, os reis das comunidades, eram sempre os mais habilidosos, tinham as melhores pranchas, feitas de árvores adequadas, e acesso às melhores praias, enquanto que os “plebeus” não tinham tal regalias além de possuírem pranchas menores, confeccionadas de forma mais simples, com menor qualidade. O primeiro relato que chegou ao mundo ocidental sobre o esporte foi em 1779, por meio dos diários do navegador inglês James King – que estava na região da polinésia a bordo de uma expedição britânica liderada pelo Capitão James Cook, mais conhecido como o “pai da Oceania” -, que se referia à prática como um “exótico passatempo” dos locais.


Em Foto

Foi na década de 1930, no Havaí – local onde os surfistas tornariam o esporte uma mania mundial –, que a prática foi registrada em fotos. Primeiro a documentar os corajosos aventureiros que deslizavam nas ondas sobre pesadas pranchas de madeira, Tom Blake (1902-1994), além de revolucionar o modo de registrar o esporte ajudando a disseminar ainda mais a cultura do surfe, foi responsável também por transformar a própria fabricação das pranchas.

Já na Califórnia – a terra do sol, surfe e possibilidades infinitas –, LeRoy Grannis (1917-2011) é considerado um dos principais fotógrafos da cultura sobre as ondas dos anos 1960 e 1970. Surfista desde os 14 anos, Grannis foi se afastando da prática por conta do trabalho, até o dia que foi diagnosticado com uma úlcera causada por estresse. Naquele momento, percebeu que precisava mudar de vida e, seguindo a indicação de seu médico – de buscar atividades mais relaxantes – voltou ao mar, mas apenas como fotógrafo da prática. Seus primeiros cliques foram em 1959, aos 42 anos, época em que o surfe começava a se popularizar nos Estados Unidos.


Surf Movies

Parte de um pequeno e seleto grupo de cineastas que percorreu a Califórnia no começo da década de 1960, fazendo filmes de baixo orçamento sobre o surfe e o estilo de vida praiano, Bruce Brown (1937-2017) foi o responsável por criar o “surf movie”. Nascido em São Francisco, começou a surfar aos 10 anos quando se mudou para Long Beach. Oito anos depois, enquanto servia a Marinha dos Estados Unidos, fez seu primeiro curta-metragem sobre o esporte. Em 1966, quando lançou o clássico “The Endless Summer”, apresentou o mágico universo ao mundo. O filme, que conta a história de dois amigos californianos que viajam por países diversos como Austrália, Nova Zelândia e Havaí, em busca da onda perfeita, é obra fundamental quando o assunto é filmes de surfe. O sucesso do longa foi tão grande que acabou ganhando uma continuação décadas mais tarde, em 1994, com “The Endless Summer 2”, onde dois jovens surfistas refazem os passos dos anteriores, mostrando o crescimento e evolução do esporte desde o primeiro filme.

Outro nome importante, e que elevou o padrão estético dos filmes sobre o tema, é o diretor californiano Taylor Steele, de 48 anos. Há mais de duas décadas no ramo, Steele é considerado parte da “geração Momentum” formada por nomes como Kelly Slater e Shane Dorian, surfistas americanos que revolucionaram o esporte na década de 1990 não só pelo alto nível técnico, mas também pela forma como o surfe era mostrado ao mundo. Diretor de “Momentum” (1992), documentário que se tornou praticamente obrigatório entre surfistas da época, Steele criou um novo estilo de filmar ao juntar o esporte com a música, mais especificamente o punk rock – estilo muito próximo do surfe em San Diego, na Califórnia, nos anos 1990 –, realçando a ação e a energia do esporte.



Brasil no Mar

Por aqui, o surfe começou a ganhar visibilidade em 1938, ano em que foi feita a primeira prancha brasileira. Na década de 1970, o esporte explodiu no Brasil e se tornou uma febre nacional. Os primeiros campeonatos aconteceram em 1975, em Ubatuba (SP) e no Rio de Janeiro.

Gabriel Medina

Atualmente, os campeões mundiais, Gabriel Medina, Adriano Souza e Ítalo Ferreira – este também campeão olímpico em Tóquio -, fazem parte do top 20 do ranking mundial da elite do surfe (onde há mais cinco atletas brasileiros), e encabeçam a geração Brazilian Storm.

Maya Gabeira

Maya Gabeira detém o atual recorde mundial de maior onda surfada por mulheres. Feito que ela conseguiu ao surfar uma onda de 22,4 metros em fevereiro deste ano, na Praia do Norte, em Nazaré, Portugal.


Minialmanaque do surfe

Estilo


O que assistir

  • Tudo Por um Sonho (2012)
  • Coragem de Viver (2011)
  • Novela Top Model (1989), disponível no Globoplay

O que ler

O que ouvir

  • Dick Dale
  • Ben Harper
  • Sublime

* Matéria originalmente publicada na Revista J.P, do Grupo Glamurama

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