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Dançarina Renata Prado // Divulgação

Para mostrar a importância do gênero em meio à história e cultura afro-brasileira, a dançarina Renata Prado ensina não só a quem quer aprender o rebolado, mas quer levar o funk para dentro da escola de forma pedagógica

por Nina Rahe

Quando o funk virou sensação na periferia de São Paulo, nos anos 2000, a dançarina Renata Prado, na época adolescente, lembra que frequentava bailes de segunda a segunda. “Peguei esse momento do boom do funk na capital”, diz. Moradora do Itaim Paulista, na zona leste de São Paulo, foi nas festas de rua que ela aprendeu a dançar. “Na periferia não tem muita opção de lazer e, quando tem, a gente se diverte. Foi muito orgânico”, conta. Mas antes de se tornar dançarina profissional, ela alimentou o sonho de cursar economia até perceber que sua vocação estava na área de pedagogia, na qual tem tido a oportunidade de pensar o funk dentro das escolas. “Na Unifesp, conheci um mundo totalmente diferente e comecei a perceber que o capital cultural periférico tem grande valor nesses espaços”, conta Renata, que foi a primeira de sua família a cursar uma universidade pública – o pai é motorista e a mãe, operadora de telemarketing.

Na faculdade foi bolsista de um projeto de iniciação científica no qual, considerando a Lei 10.639/10, que estabelece as diretrizes para inclusão da temática História e Cultura Afro-Brasileira no currículo oficial da rede de ensino, ela e outros pesquisadores desenvolviam projetos pedagógicos em parceria com escolas públicas. Agora, como trabalho de conclusão de curso, que deve entregar até o fim deste ano, Renata pretende ajudar no reconhecimento do funk em meio à história e cultura afro-brasileira, mostrando que é possível levar o gênero para a sala de aula de forma pedagógica. “Se o funk é cultura negra e a cultura negra tem que ser estudada, por que não estudar o funk?”, questiona.

Nessa luta, Renata também percebeu a necessidade de discutir o papel das funkeiras dentro do movimento e criou, em 2017, a Frente Nacional de Mulheres do Funk, que há quatro anos reúne depoimentos de mulheres MCs para um documentário com a ideia de que contem sua história no campo profissional. “Quando se trata de mulheres, as perguntas são sempre sobre a vida pessoal e a nossa proposta é contar a trajetória artística”, diz. A previsão de conclusão do documentário é para o fim de 2022.

Seu interesse em dançar profissionalmente não deixa de ser uma atitude engajada. “Quando comecei a entender que é possível trazer uma narrativa positiva para o funk, percebi que se faz necessário ter artistas profissionais e foi quando decidi apostar nisso”, explica. Paralelamente a seus projetos de dança, dentro dos quais se destaca o espetáculo Dos Tambores ao Tamborzão, no qual propõe uma linha do tempo das danças afro (passando por ragga, dancehall e funk), Renata também dá prosseguimento à Academia do Funk, onde ministra aulas teóricas e práticas sobre o gênero, com ensinamentos sobre a história do movimento e técnicas de rebolado. A iniciativa, que migrou para o virtual com a chegada da pandemia, agora deve passar por uma reformulação pensando no online, com lançamento para o segundo semestre. “Ainda há muita coisa para ser feita. Ninguém cria algo do dia para a noite, não é sobre pressa, mas sobre construir um legado”, resume Renata.

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