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A semana começou em grande estilo. Na live desta segunda-feira, Joyce Pascowitch entrevistou ninguém menos que Regina Casé, que está voltando à telinha na pele de dona Lurdes, na segunda fase de ‘Amor de Mãe’, depois de um ano de break por causa da pandemia. Ela também é capa e recheio da Revista J.P de março. No papo, a atriz e apresentadora falou desse retorno, da família, da quarentena e muito mais. Confira alguns trechos abaixo e play no fim da matéria para a entrevista completa.

Otimismo
Estou até que lidando bem com o isolamento. Passei por momentos em que tive que parar tudo, como quando minha filha nasceu e quase morreu. Mas sempre acreditei que tudo ia dar certo. Depois meu marido teve um acidente muito grave, ficou sem movimentos do pescoço pra baixo, todos os médicos disseram que ele não ia recuperar mais… e eu dizia que ia dar tudo certo. Não é um otimismo burro, negacionista. É que a vida muda de um segundo pro outro, e a gente acaba aprendendo na porrada.Apesar de toda a tragédia que está acontecendo, vivi coisas maravilhosa porque fui obrigada pela pandemia, com meu filho e neto. Essa foi uma lição. Não ficar adiando afeto, amor, convivência.

Empatia

Minha avó era professora da rede municipal. Ela subia no morro, não tinha medo. Cheguei a ir com ela algumas vezes. E ela me ensinou muitas coisas. Quando via alguém mendigando, ela me dava dinheiro pra dar pra pessoa e às vezes não queria olhar, tinha medo, sei lá. Ela fazia eu ir lá e entregar na mão da pessoa, olhar na cara da pessoa. Era uma mulher incrível. A pessoa mais empática que conheci. Tenho sentido ela muito presente. Então sempre tive essa empatia, de querer saber do outro, entender. Dizem que o seu maior defeito é sua maior virtude. Entrevisto bem, modéstia a parte, mas sou muito invasiva. É o outro lado da moeda. Tenho muita empatia, aprendi isso, com minha avó Graziela.

Dona Lurdes
Ela é uma personagem tão consistente, a mistura de tantas mulheres que eu conhecia tão bem… que quando coloquei o figurinho, já veio tudo… o sotaque, o andar. Tenho sido tão feliz como atriz, que ficava me questionando porque passei tanto tempo longe da minha matriz. Nesse tempo em que fiquei parada pensei que foi assim para que eu pudesse trazer essas pessoas que estão escondidas no Brasil profundo. Sou apaixonada por mulheres como dona Lurdes. Talvez eu tivesse que aprender mais sobre elas antes de intepretá-las. No momento, as donas Lurdes estão desesperadas para garantir sustento dos filhos e netos. Com medo de adoecerem, de as crianças não poderem ir para a escola.

Carreira de atriz
Me orgulho muito da minha trajetória. Personagens como Darlene, de ‘Eu Tu Eles’, a Val de’ Que Horas ela Volta?’. A Mada de ‘Três Verões’. A Tina Pepper, de 1986, que é lembrada até hoje. Quando viajei pra África nos anos 2000 as pessoas gritavam Tina. E o que inaugurou minha vida adulta e profissional foi o (grupo de teatro) Adrubal Trouxe o Trombone. Quando vejo os programas ‘Esquenta’ e ‘Brasil Legal’, vejo que tudo tem uma ligação. Quase tudo o que eu fiz e faço, cinema, novela, teatro, é feito com o mesmo orgulho, como se fosse a estreia do Asdrubal. Estou louca pra fazer outra novela. Gostaria de fazer uma vilã bem má, uma rica, loira. Estou em lua de mel com a atriz que abandonei nesses anos todos.

Filhos
É diferente criar uma menina e um menino. Mas essa coisa que falam que a natureza é sabia, não concordo. Eu como uma mãe mais velha sou bem mais calma. Com a Benedita era um desespero. Até hoje sufoco ela. E com o Roque é diferente. Não passo pra ele que é minha maior criação, minha razão de viver. Coitada da Benedita, acho que ela foi cobaia. Ela sempre foi muito paciente. Me ensinou e me ensina tanta coisa. Considero ela quase uma guia espiritual, minha e de muita gente. Ela é iluminada. Me ensina muito. A Benedita, como mãe do Braz, manda muito melhor que eu com o Roque. Se alguém dissesse que eu e minha filha íamos criar nossos filhos juntas, jamais acreditaria.

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