Não tem como negar que ‘Hairspray’ – produção que conta a história de uma moça em busca da fama – marcou uma geração, mas para Jessica Córes, de 30 anos, a obra é muito mais do que um musical repleto de cenas e músicas incríveis: ele foi um dos motivos que a levou a investir tudo o que tinha na carreira de atriz. “Quando terminei de assistir sabia que era isso que eu queria para a minha vida.’ Desde então, ela começou e, aos 20, se matriculou no curso de teatro.
A estreia na televisão veio em ‘Verdades Secretas’ (2015), trama de Walcyr Carrasco, na pele da personagem Lyris. Agora, Jessica é mundialmente conhecida por interpretar Iara em ‘Cidade Invisível’, nova série nacional da Netflix que traz como tema central o folclore brasileiro. Além do Brasil, a produção é sucesso em mais de 40 países. Uma curiosidade é que, apesar de interpretar uma sereia, Jéssica não sabia nadar quando aceitou o papel. “Eu fiz natação durante o inverno, em um local totalmente aberto. Além de não saber nadar, tive que aceitar o frio”, conta. Confira o bate-papo. (por Jaquelini Cornachioni)
Glamurama: Para começar, como surgiuo seu amor por atuação?
Jessica Córes: Lá em casa, a minha mãe sempre me levava ao cinema e teatro. Fazia parte dos nossos dias e da nossa vida. Mas ‘Hairspray’ foi o musical que realmente fez com que eu quisesse seguir nessa carreira. Quando terminei de assistir, sabia que era isso que eu queria para a minha vida. Pouco tempo depois, comecei a estudar no Wolf Maia.
G: Você sentiu que o caminho foi mais difícil por ser uma mulher negra?
JC: Não tem como falar que não. Nós passamos por várias situações e sempre ouvimos falar de alguns casos absurdos. Eu, pessoalmente, nunca sofri que posso considerar grave dentro da profissão. Mas é claro que enfrentei algumas dificuldades.
G: Quais são as suas inspirações na área, tanto nacional e internacional?
JC: Internacional, é a Viola Davis. Ela é maravilhosa, sou apaixonada. Aqui no Brasil, Fernanda Montenegro, com certeza.
G: A sua estreia na TV foi em ‘Verdades Secretas’, ao lado de Rodrigo Lombardi e Camila Queiroz. O que lembra de melhor dessa época de gravações?
JC: Para mim, tudo era novidade. Quando não estava gravando, ficava observando Marieta Severo, Rodrigo Lombardo, Reynaldo Gianecchini e até mesmo o núcleo mais jovem. Sou uma pessoa muito curiosa e que ama aprender, então gostava de olhar e ver como os mais experientes atuavam.
G: Falando sobre Netflix, como você se preparou para interpretar a sereia Iara, em ‘Cidade Invisível’, que tem muitas cenas na água?
JC: Quando aceitei o papel, não sabia nadar, mas fiquei muito orgulhosa por ter conseguido. Na infância, cheguei a fazer natação, mas como o cloro detonava o meu cabelo, desisti. Agora, já adulta, fui às aulas, com touca, óculos e todos os acessórios. Eu fiz natação durante o inverno, em um local totalmente aberto. Além de não saber nadar, tive que aceitar o frio. Ao mesmo tempo, eu fazia também aulas de dança oriental para trazer mais expressão corporal para a personagem.
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G: Antes da série, você já sabia sobre as lendas do folclore brasileiro abordadas na trama?
JC: Eu tive aquele contato que todos nós tínhamos quando éramos crianças, mas foi algo raso e muito rápido. Agora, em ‘Cidade Invisível’, tive um aprendizado maior dessas lendas. Foi lindo reviver tudo isso.
G: Como foi mergulhar nesse universo fantástico? Já havia feito algo nesse estilo antes?
JC: Nunca, nada do tipo. A Camila/Iara é a personagem mais diferente que eu já fiz, por isso tenho um carinho especial por ela. Mas a minha criatividade sempre foi muito apurada. Eu tenho sobrinhos e sou aquela tia que ama brincar e fazer parte do mundo deles, então foi uma delícia fazer um trabalho que precisava dessa criatividade toda. O importante é acreditarmos naquilo que estamos fazendo, e eu acredito.
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G: A série faz muito sucesso fora do Brasil, incluindo Portugal e Estados Unidos. Na sua opinião, qual é a maior importância de ‘Cidade Invisível’?
JC: Apresentar a nossa cultura para o mundo. Eu li diversos comentários de estrangeiros falando que não sabiam nada sobre o nosso folclore, mas amaram. Até aqui no Brasil, sinto que essa nova geração não conhece tanto essa parte da nossa cultura, e é extremamente importante que elas saibam mais.
G: Você imaginava toda essa repercussão não apenas nacional, como internacional?
JC: Enquanto eu estava gravando, não tinha muita dimensão. Quando finalizou, o elenco assistiu quatro episódios, e foi ali que entendi que seria um sucesso. Não tinha como não ser. Eu enlouqueci com o resultado.
G: Qual foi a cena mais desafiadora de ser gravada?
JC: Não vou negar que foi a cena na água, o momento quando a Camila leva o Erik (Marco Pigossi) para debaixo d’água na intenção de matá-lo. Além de nadar num tanque profundo e gigantesco durante a noite, eu tinha que conduzir o corpo do Marco Pigossi, prestando a atenção para ir na direção certa. Apesar de difícil, eu estava muito confiando nesse dia e deu tudo certo.
G: A segunda temporada de ‘Cidade Invisível’ acaba de ser anunciada. Qual a sensação?
JC: De alegria, felicidade. Mas confesso que ainda estou ‘meu Deus do céu, isso está acontecendo mesmo’. Acho que depois do final da primeira, todo mundo desejava uma continuação, e nós sabemos o quanto isso é uma vitória. Com a pandemia, fica difícil saber quando vai acontecer, mas espero que ainda esse ano. Estou sorridente.
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G: Qual série tem para nos indicar?
JC: Estou viciada em ‘The Crown’, da Netflix. E adorei uma série também chamada ‘The Wild’. Vale a pena.
G: O que você aprendeu nesse tempo de isolamento social?
JC: Eu me descobri. Já sabia que eu era uma pessoa caseira, mas não assim. Nessa fase, pude cuidar mais de mim, olhar para a minha casa. Mudei toda a decoração, aliás. E desenho, faço yoga, assisto séries, leio livros. Faço de tudo.
G: Para 2021, quais são os seus planos? Tem projetos novos em vista?
JC: Além de ‘Cidade Invisível’, também vou gravar mais uma temporada de ‘Casa de Vó’, série da Hulu TV, também estava gravando um sitcom, mas tivemos que pausar. Agora, nós atores ficamos muito sem saber o que vai ser, devido à pandemia. É difícil, mas espero que isso passe em breve.