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Dra. Albertina
Dra. Albertina Duarte Takiuti

Falar de orgasmo ainda é tabu na vida das mulheres. A ginecologista e obstetra Albertina Duarte esclareceu muitas dúvidas sobre a saúde sexual feminina e o preconceito em torno do prazer da mulher. Em papo com Joyce Pascowitch, nessa segunda-feira, ela explicou a culpa que as mulheres ainda carregam quando não conseguem atingir o orgasmo e dar prazer ao parceiro. Albertina ainda falou sobre a masturbação como um processo de autoconhecimento e como isto está ligado até mesmo com o amor próprio: “Não existe vibrador que faça a mulher ‘vibrar’ se ela tiver uma baixa autoestima”. Abaixo, destacamos os principais pontos da conversa.

Tabus 

“Durante séculos, as mulheres fingiam que tinham orgasmo e o homem nunca percebeu isso. Está na cultura da mulher enganar o homem que sente orgasmo, e eles nunca questionaram. Basta dois ou três gritinhos para eles acreditarem. É uma das grandes diferenças de gênero. O homem broxa e não consegue dizer que não gostou, a mulher fica muito insegura, mas consegue enganar. Nesta pandemia, os companheiros estão mais tempo dentro de casa, então fingir ficou mais difícil”.

O processo do prazer 

“O orgasmo dura de 10 a 20 segundos, é muito rápido. Mas quem teve, nunca esquece. A primeira fase é o desejo que a mulher tem que sentir, o homem tem que tocar, tem que mexer. Ela tem que se sentir desejada. Relação da cintura para baixo não rola. Ela precisa da relação da cintura para cima. A segunda fase é a excitação. Se ela foi excitada, ela começa a sentir lubrificação, sente que tem algo diferente”.

O que mudou na relação mulher X orgasmo

“A mulher deixou de se sentir culpada. Se ela não tinha orgasmo, se sentia culpada. A mulher nasceu sendo orientada para agradar. Ela sempre pergunta: ‘Foi bom para você?’ e não ‘Foi bom para mim?’. Ela sempre se sentiu em dívida com o homem”.  Todas as mulheres tem clítoris, não é o só o que se vê, ele está para dentro, é como se fosse um pênis. 70% das mulheres não tem orgasmo na penetração. Se ela tivesse essa coragem de dizer para estimular o clitóris, ela ia responder muito melhor. A maior parte das mulheres não tem coragem de se masturbar. Ela pensa que o que ela sente sozinha é igual o que ela sente com o homem, e isso é um mito. Tudo que é dois, é carinhoso, é dividido, essa troca de energia é muito importante. Ela pode adquirir a experiência da masturbação, de se tocar, para falar para ele fazer. Ela precisa bater os ovários na mesa, ser empoderada para dizer onde quer ser tocada”.

Autoestima

“A primeira coisa: a mulher precisa se gostar. Não existe vibrador que faça a mulher ‘vibrar’ se ela tiver uma baixa autoestima. Ela precisa reconhecer que merece o orgasmo. Esse merecimento tem que substituir a culpa e a cobrança. A mulher tem que se masturbar o dia em que a mulher estiver bem, se perfumar e se alimentar”.

A ginecologista e obstetra Albertina Duarte Takiuti tem doutorado pela FMUSP e é Médica Sanitarista da FMUSP. Responsável pelo Ambulatório de Ginecologia da Adolescência do Hospital das Clínicas, Coordenadora do Programa Saúde do Adolescente da Secretaria de Estado da Saúde e Coordenadora Estadual de Políticas para Mulher da Secretaria de Justiça do Estado de São Paulo.

 

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