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Alexandre Orion / Crédito: Instagram

Um dos pioneiros da street art mundial, Alexandre Orion se prepara para uma mega intervenção que vai dialogar com a paisagem de São Paulo. O artista plástico foi convocado para fazer um mosaico de fisionomias que ocupará toda uma parede do edifício do InCor – Instituto do Coração, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, voltada para a Avenida Rebouças e Passarela Professor Dr. Emílio Athiê, em São Paulo,

São 400 m² de parede cinza que ganharão vida após 3 meses. “Escolhemos essa empena por estar voltada para a única passarela de pedestres que atravessa a Avenida Rebouças. Atravessar essa ponte, que te leva ao hospital e também tira você dele, carrega muitas emoções”, comentou Orion sobre a decisão.

Além da localização privilegiada para o projeto, o InCor tem uma grande representatividade na medicina e na ciência, duas frentes que têm sido fundamentais para salvar vidas durante a pandemia do coronavírus. O Instituto é um dos três maiores centros de cardiopneumologia do mundo e o 3º que mais realiza transplantes de coração de adultos em nível mundial, além de ser o 1º em transplante de pulmão no Brasil e o centro que mais publica estudos científicos em sua área na América Latina.

A obra, intitulada “Saudação”, tem como objetivo expor a representatividade e pluralidade dos profissionais que são indispensáveis para o funcionamento do setor da saúde, responsabilidade essa que passa por diversos cargos. Para realizá-la, Orion conversou com pessoas dos mais diversos segmentos do InCor e do Hospital das Clínicas. “O InCor e o HC me apresentaram alguns personagens. A escolha foi feita pensando em uma multiplicidade, tentando trabalhar com o máximo de pluralidade. Também tentamos dar visibilidade e representatividade a alguns setores que muitas vezes têm menos destaque, como quem trabalha na cozinha e na limpeza do hospital, auxiliares de enfermagem, motoristas de ambulância, entre outros. Sempre, claro, pensando em personagens inspiradores e reais”, pontuou o artista.

Para essa homenagem em forma de pintura estão sendo usadas técnicas mistas com tintas líquidas e latas de spray, em um trabalho a mais de 40m de altura. Além dos equipamentos de segurança, Orion conta com todos os procedimentos de higienização e cuidados necessários, entre eles a tão famosa máscara: “O sorriso é uma expressão bonita de algo que você coloca na direção do outro. Existe uma relação da máscara e do sorriso. A máscara vem escondendo os sorrisos, e isto me intriga. Por isso, no mural, existe uma transparência da máscara mostrando os sorrisos. Seria como dizer que eu sorrio para você porque te quero bem e estou usando a máscara também porque te quero bem”, disse Alexandre Orion, que já fez obras importantes e contestadoras na capital paulista, como o Ossário, dentro do viaduto que liga a Dr. Arnaldo à Avenida Paulista, em 2014, e, no mesmo ano, com a fuligem retirada do túnel, pintou um painel gigantesco no Grajaú.

A obra ainda possui um caráter transmídia. Todo o processo de ‘construção’ do mural será acompanhado por entrevistas com diversos profissionais do Instituto do Coração e do Hospital das Clínicas. O resultado se tornará um curta-metragem que também levará o nome de “Saudação”: “A ideia é que o mural não se baste, que não seja uma homenagem que se encerra em si. Mas que seja acompanhado de um material audiovisual. As histórias desses profissionais me interessam muito. São minha maior motivação. São elas que irão tocar as pessoas e fazê-las refletir”, finaliza.

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